domingo, 20 de outubro de 2019

As diferenças entre quem fala e quem faz


A participação de Ana Catarina Mendes no programa «Square Idées» do canal franco-alemão ARTE serviu para um eloquente separar de águas na disputa ideológica com neoecologistas do tipo PAN, dado ser-lhe dada como contraponto a intervenção de Delphine Betho, que repete a ladainha conhecida nos argumentos de André Silva & Cª, ou seja, que a urgência climática dilui as diferenças entre as esquerdas e as direitas e tudo se resume a medidas radicais - do tipo fecharem-se já as centrais elétricas que o governo se comprometeu a encerrar em 2023 ou até 2030 ou as muitas proibições que fizeram desse partido uma réplica do Chega quanto à exclusão de quem não pensa  tal qual o fazem os seus dirigentes.
A diferença entre os ecologistas de café e os que agem com coerência para evitar o apocalipse climático é que os primeiros falam, falam, mas nada fazem de concreto para o conseguirem, enquanto os segundos avançam com políticas concretas. De Delphine Bétho nenhum legado ficou da sua passagem pelo governo de François Hollande. Pelo contrário Ana Catarina Mendes tem sido secretária-geral do Partido, que apostou com determinação nas energias renováveis, nas condições de mobilidade tendentes a reduzir significativamente o recurso ao transporte privado através dos passes sociais e do investimento na ferrovia, além de estarem iminentes medidas concretas de melhor utilização da água, mormente através da reutilização das residuais.
O que se ouviu em Delphine Betho ou se ouve em André Silva é o que se deve fazer a partir de agora, porque nenhum deles tem ativo digno de menção nas suas ações passadas. Pelo contrário Ana Catarina Mendes saiu claramente vencedora na disputa à distância com a oponente, porque toda a sua argumentação assentou na credibilidade do que já se fez e do que se pretende fazer mais e melhor.
E ainda mais convincente se mostrou ao alertar para os riscos de se querer avançar com excessiva rapidez: é que a transição energética tem de ser feita com as populações, ganhando-as para a causa e alterando-lhes os padrões de consumo, porque sobram (maus) exemplos de situações em que se quis avançar demasiado depressa, indo contra  elas e, em vez de dois passos para diante recuaram-se muito mais para trás.

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