sexta-feira, 12 de abril de 2019

Um fascista é um fascista, é um fascista, é um fascista, é...


Imaginemos um político, que seja uma coisa híbrida, meio-André Ventura, meio-Santana Lopes. Em França essa bastardia chama-se Nicolas Dupont-Aignan, outrora dirigente dos partidos tradicionais da direita, mas, mais recentemente, a tender para a sua extrema, namorando ostensivamente com Marine Le Pen, a quem apoiou na batalha eleitoral perdida para Emanuel Macron.
O trazê-lo aqui à colação tem uma razão de ser: as direitas, sobretudo se tendem a radicalizar-se, usam e abusam das mentiras, torcem e distorcem as estatísticas para que pareçam secundar-lhes os falaciosos argumentos. Desta feita, num debate televisivo com os cabeças-de-lista dos vários partidos e movimentos às eleições europeias, o tratante proferiu uma atoarda logo desmentida em direto: que nos últimos anos tinham entrado no espaço europeu 20 milhões de novos emigrantes.
Ora a estatística, que invocou é bastante explicita quanto ao significado desse número: ele comporta, por exemplo, os portugueses, que emigraram para Inglaterra, os espanhóis que se mudaram para França, os polacos que se mudaram para a Alemanha, etc. Ou seja: a grande maioria dos 20 milhões de pessoas em causa transitaram no espaço europeu já dele provindo e nele tendo nascido.
O que Dupont procurava era suscitar o alarme quanto a uma invasão de populações não brancas, que viessem precipitar a decadência da civilização ocidental, mormente através da escandalosa miscigenação entre elas e as impolutamente alvas que nem a neve.
Por muito que se procure alguma pinga de honestidade nesse tipo de gente, ela não se vislumbra: além de indisfarçáveis fascistas, só sabem recorrer a argumentos trapaceiros para iludir quantos neles julgam ver salvadores da ameaçada cristandade.

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