Entraram em vigor os novos passes e não se tratou de nenhuma mentira do primeiro de abril. Pelo contrário, nas carteiras, os mais necessitados sentiram bem a diferença e não se coibiram de manifestar o consequente agrado aos repórteres enviados para os ouvir, de pouco resultando as tíbias tentativas em lhes estimularem o apoucamento da revolução agora verificada na mobilidade urbana.
Será crível que as próximas semanas venham a ser fartas em notícias, que limitem os danos eleitorais agora produzidos, e os indícios não foram poucos: o «Público» anunciava estoiro no Orçamento com as verbas previstas a serem muito superadas. Negadas prontamente, as mentiras em causa continuaram a ser repetidas muitas vezes na réplica da célebre estratégia goebellsiana. Prudentemente calados, depois de terem feito todos os possíveis para explorar a suposta desigualdade entre as zonas metropolitanas e as zonas rurais, que supostamente pagariam os luxos citadinos sem nada receberem em troca (ouvir Rui Rio a dizer algo assim demonstrou definitivamente a sua «integridade» intelectual!), os líderes das direitas terão sicários à coca para virem a lume criticar falta de transportes, se a afluência exceder em muito a sua oferta, ou a parca qualidade, que depende quase exclusivamente das intenções das empresas privadas em substituírem as unidades mais envelhecidas, e reforçarem-nas em número e trajetos disponíveis.
Marcelo nada disse sobre o assunto, ocupado que anda a medalhar postumamente um funcionário do PSD muito elogiado pelos colegas de partido, mas de quem não esquecemos o pontapé dado a um jornalista, quando insistia em ouvir Passos Coelho a propósito de pertinente assunto. Seletivo em quem homenageia, Marcelo não mostrou idêntica deferência para com João Vasconcelos que, ele sim, fez muito pelo desenvolvimento e modernização do país. E que nem sequer recebeu um pedido de desculpas do Ministério Público pelo ultrajante caso da ida ao futebol a França por conta da Galp, que lhe valeu a demissão de um cargo em que muito estava a criar em prol dos portugueses.
Valha-nos a oportunidade de, por uma vez, referir positivamente Assunção Cristas a propósito do seu distanciamento em relação à abjeta agressão verbal do correligionário de Barcelos contra Isabel Moreira num tweet inclassificável. Sexista, homofóbico e cobarde esse Armindo Leite constitui exemplo flagrante do que abunda na base social de apoio do CDS, como se vem depreendendo de outros casos igualmente graves e de expressiva regularidade.
Se quisesse ser consequente com o pedido de desculpas enviado à deputada socialista, Cristas cuidaria de expulsar o biltre por indecente e má figura. Limitando-se a tão suave crítica, mais não faz do que incentivá-lo a prosseguir pelo mesmo caminho, apenas moderando as palavras e os atos para não ficar tão deploravelmente exposto na praça pública.
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