segunda-feira, 29 de abril de 2019

Colocar de vez o franquismo no banco dos réus


A seguir ao Camboja de Pol Pot, foi na Espanha franquista, que maior número de pessoas se mataram por razões políticas e se as amontoaram em valas comuns sem terem sequer direito ao respeito pela sua identidade mediante as devidas exéquias fúnebres. E, no entanto, a «Justiça» espanhola nunca aceitou que esses homicídios fossem admitidos a julgamento por aquilo que, efetivamente, cometeram: crimes contra a Humanidade.
O juiz Baltasar Garzón bem porfiou em consegui-lo e foi afastado pelos pares, que o converteram num pária junto da respetiva corporação, E, mais recentemente, uma juíza argentina seguiu-lhe as pisadas nada conseguindo, porque a obstrutiva Justiça espanhola continua enfeudada nos valores da Ditadura como bem o estão a sentir na pele os líderes independentistas catalães.
Desfranquizar a Espanha exorcizando de vez os seus demónios constitui tarefa que Pedro Sanchez deverá prosseguir. Começou-o com a intenção de remover o túmulo do algoz do Vale dos Caídos, mas terá de ir mais longe. Porque trazer para a luz do dia os crimes cometidos pelo franquismo entre 1936 e 1975 é a melhor vacina, que poderá inocular no imaginário coletivo dos espanhóis para melhor se defenderem das monstruosidades prometidas pelas direitas e extremas-direitas. Umas e outras filhas abastardadas da tradição assassina dos seus antecessores...

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