terça-feira, 9 de abril de 2019

Rivalidades eurochinesas com os norte-americanos à espreita


Dia de cimeira entre a União Europeia e a China com a primeira a tentar que a segunda se porte de forma mais assertiva na partilha do mercado global. E, julgando ser trunfo importante para colocar o oponente na defensiva, os negociadores de Bruxelas avançam com a questão dos direitos humanos. Não excluindo tratar-se de assunto com alguma importância fica sempre a questão de saber porque não a colocam, igualmente, na mesa, quando do outro lado estão os norte-americanos. É que, quanto a liberdade e democracia, as diferenças não serão significativas.
É verdade que os filiados no Partido Comunista Chinês têm maioritário assento na Assembleia do Povo em Pequim. Mas sobra alguma dúvida  quanto ao facto de, no Senado, ou na Câmara dos Representantes, só terem assento os representantes e lobistas da classe mais endinheirada, ali não havendo espaço para os que provém das mais desfavorecidas. E quanto à liberdade de expressão, se na China só se lê, vê ou ouve o que a censura do regime permite, nos States o mesmo sucede relativamente ao que os patrões da imprensa toleram.
Sim, os chineses vivem sob um regime em que existe a pena de morte. Mas não é o que sucede com os norte-americanos? E quanto a presos políticos, haverá muita diferença entre os que estão nos cárceres do capitalismo de Estado chinês, e os muitos milhares, na maioria negros ou hispânicos, que se acumulam na superpotência rival?
Por essas e por outras é que considero intolerável hipocrisia o discurso europeu sobre os Direitos Humanos. Até porque, em seu torno, possibilitou a prevalência imperialista norte-americana nas décadas mais recentes, que reduziram os europeus a seus obsequiosos satélites.
Nesta fase histórica tenho sérias dúvidas que o capitalismo chinês seja mais venal do que o norte-americano. É que o passado sempre nos mostrou que os Impérios, quando em ascensão, são capazes de maior assertividade para com os que tentam colonizar, do que os decadentes, fadados para incrementarem a violência desesperada dos que não se conformam com a irrelevância para que tendem. Ora o pior, que pode suceder-nos, ou aos nosso filhos e netos, é que o continente europeu volte a incendiar-se em descontrolada guerra. Sobretudo porque implicaria o recurso a apocalíticas armas nucleares...

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