terça-feira, 30 de abril de 2019

A efémera ressurgência dos valores mais conservadores


Num documentário aparecem feministas alemãs dececionadas por verem jovens de hoje a reclamarem o direito de viverem segundo padrões de família com as características tradicionalistas das suas avós, senão mesmo bisavós. E, igualmente, uma família norte-americana do interior profundo - onde Trump teve melhores resultados! -, a diabolizar a contraceção, razão porque já nela integram vinte filhos. E porque temem que eles sejam atraídos pelas tentações do Demónio proíbem-lhes o acesso à televisão ou à internet, educando-os em casa segundo os preceitos criacionistas.
Os dois exemplos lembram-me a velha fórmula leninista segundo a qual as sociedades humanas sempre avançam dois passos para logo regredirem um. Em ambos os casos a regressão é surpreendente de tão anacrónica. Mas lembrando-nos do que fomos, quando chegámos à Revolução de Abril no final da adolescência, bem podemos prever que as tais raparigas conservadoras alemãs, ou os filhos da família norte-americana, acabarão por descobrir à própria custa o quanto existe uma outra realidade para além da que vêem tão estreitamente através dos premissas em si inculcadas. E talvez se revoltem com a determinação dos que, há meio século, viraram do avesso os valores das sociedades cristalizadas de então.

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