sexta-feira, 5 de abril de 2019

Como de costume a direita viu-se desbaratada no debate quinzenal


Que a campanha eleitoral vai estar pejada de truques desonestos por parte das direitas, temo-lo visto nos dias mais recentes com a intensa projeção de areia para os olhos do eleitorado, que sabe agradavelmente surpreendido com os benefícios recolhidos com a implementação dos novos passes. Quando o «Observador» ou o «Expresso» lançam sucessivos casos de supostas ligações familiares no Partido Socialista - nenhuma datada das últimas semanas! -, só pretendem dar munições aos dirigentes do PSD e do CDS que, sabendo-se sem quaisquer argumentos para contraditarem os sucessos da governação, veem no assunto a única corda de salvação a que se julgam poder agarrar. Em poucos dias Rui Rio desbaratou o eventual benefício da dúvida, que se lhe poderia atribuir quanto a diferenciar-se do antecessor, porquanto o uso da mentira mil vezes repetida e da pose escandalizada perante o suposto desaforo socialista, só o denunciam como a outra face da mesma falida moeda. Na tarde de hoje foi patética a tentativa de Fernando Negrão agarrar-se a esse recurso desesperado, consciente de a outro não conseguir firmar-se.
Cristas revelou-se mais esperta, sobretudo quando viu estatelar-se o parceiro do lado com o anunciado elefante a esvaziar-se até à dimensão de atemorizado rato. Daí que avançasse para outros argumentos, aparentemente mais consistentes, mas depressa tornados insignificantes pelas explicações de António Costa. Mesmo quando ensaiou a repetida manobra de gestão do tempo para fazer esgotar o do primeiro-ministro, e ser sua a última palavra na disputa verbal entre os dois, viu trocarem-se-lhe as voltas, gorando-se os seus intentos.
O que as direitas voltaram a suscitar foi o toque a reunir de toda a esquerda, como sempre acontece quando o governo se vê tão ruidosamente contestado. Para quem anseia ver repetida na próxima legislatura a experiência da convergência parlamentar da atual maioria, a explicita sintonia das bancadas das esquerdas no debate desta tarde serviu para aquietar receios quanto aos brados de velhos do Restelo, que a dizem irrepetível.
Uma palavra final para a emissão da SIC durante essas duas horas de discussões parlamentares. Recorrendo ao sinal emitido pela televisão da Assembleia da República, replicava-o ininterruptamente durante as intervenções de Negrão ou de Cristas, nunca deles desviando a atenção. Quando, pelo contrário, falavam António Costa, Catarina Martins ou Jerónimo de Sousa, abundavam outros planos da sala com deputados das direitas a falarem entre si, a levantarem-se, a passearem de um lado para o outro, na clara intenção de impor aos espectadores a distração do que se estava a discursar, diminuindo-lhes o potencial impacto.  Como alternativa, já há muito o assunto dos familiares socialistas se esgotara e ainda o ecrã se enchia de faixa lateral ou inferior com textos a ele alusivos.
Autêntico Caim, o diretor da SIC não poupa manigâncias para prejudicar tanto quanto possa o governo liderado pelo meio-irmão.

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