sexta-feira, 8 de junho de 2018

Por causa da regateira andamos privados de sol e de mar tépido


Por esta altura da primavera já teria gostado de ir a banhos umas quantas vezes.  O prazer de vivenciar a praia não me está nos genes, porque provenho de gente a ela habituada como presença próxima, mas sem a usufruir da forma como o faziam os que, nos anos 40 e 50 do século passado, a adotaram como frequente espaço de lazer. Terei pertencido à primeira geração dos dois ramos familiares a habituar-me aos banhos de mar e às horas de brincadeira nos areais da Trafaria ou da Costa de Caparica. Na meninice ali vivi as grandes aventuras à medida da minha pequena estatura, tornando-as mais concretas quando cresci e, em grupos de colegas de liceu, começámos a discutir os apertos em que vivíamos numa ditadura que tanto desejaríamos ver terminada.
Não imaginávamos quanto essa possibilidade se perfilava no horizonte tornando o verão de 1974 numa época inesquecível em que a paisagem parecia-nos tão ilimitada quanto os nossos desejos de utopias. Julgo assim explicar a razão porque voltar aos intermináveis dias de praia - com piquenique incluído a servir de almoço - corresponde à negação daquela tola ilação de não devermos regressar aos sítios onde fôramos felizes. Porque quase sempre vivo um dia inteiro passado na praia como a feliz fruição das emoções sentidas também nos melhores tempos idos.
Compreende-se também a razão, porque, ainda mais do que o costume, estou zangado com Assunção Cristas.  Já não basta ela ter pertencido a um governo, que me espoliou de milhares de euros na pensão de reforma durante quatro anos e procura repetir a «gracinha» tão só lhe deem oportunidade para tal, e ainda me surge como a principal responsável pela minha frustrada inauguração da época balnear. De facto, e como o Tomás Vasques me lembrou hoje num post do facebook, ela mostrava-se em fevereiro tão indignada com a passividade do governo perante a seca, que António Costa ter-lhe-á feito a vontade e agora a chuva tornou-se uma constante semanal sem nos dar azo a um pulinho, mesmo que breve, à praia.
Como socialista só espero que o meu primeiro-ministro se condoa de nós e interceda lá junto do São Pedro ou de quem conseguiu resposta eficiente para o desagrado da regateira para, enfim, dar-nos o sol quente e o mar tépido por que aspiramos...

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