segunda-feira, 11 de junho de 2018

Contra as volúpias atarantadas urge impor um mínimo de sensatez


As volúpias com que Marcelo anda a adornar os seus discursos vêm confirmar a intenção de nada dizer de substantivo embora queira parece-lo fazer por subentendidos. É que emitindo polissemias ele pretenderá evitar confrontos diretos com quem mais desejaria - António Costa - ciente deste lhe ser capaz de responder com o instinto assassino, que têm valido aos deputados do PSD e do CDS alguns enxovalhos difíceis de digerir. Quem esquece a humilhação sofrida por Fernando Negrão na semana passada quando perorou sobre os maus resultados nas avaliações dos estudantes portugueses, que refletiriam as más políticas do Ministério da Educação deste governo, e se viu encostado à parede com a revelação delas corresponderem aos testes de 2016, ainda fruto dos efeitos do vendaval Nuno Crato pelo setor.
Há quem ganhe significativamente com os floreados discursivos de Marcelo: os «comentadeiros«, dos jornais e das televisões logo prontos a consultarem os respetivos oráculos para que lhes decifrem a mirabolante retórica presidencial para dela darem fundamento acrescido aos seus preconceituosos argumentos anti governo.
Mas volúpia, ainda que atarantada, parece também possuir o presidente do Sporting, que vai vendo os ativos de que dispunha a romperem o vínculo contratual com o clube. Se o que ali se passa me tem deixado indiferente, por não ser aquele com que simpatizo, não deixo de olhar objetivamente para o caso nas suas duas vertentes básicas: todo o comportamento de Bruno de Carvalho é um bom exemplo de como se processa a ascensão, o auge e a abrupta queda de um ditador. Por outro lado a manifesta falta de consciência do próprio, que não vê estar num Titanic atingido por um icebergue, já com a água a irromper por todos os compartimentos inferiores, e disposto a obrigar os instrumentistas da sua orquestra a manterem a atuação até ao derradeiro momento, aquele em que com ele se afundarão nas profundezas do olvido. Porque, trinta anos depois de ter conhecido um percurso excêntrico algo semelhante com o atual, quem ainda recorda no Sporting o presidente conhecido pelos seus vistosos bigodes? Tratando-se de um epifenómeno conjuntural, o protagonista de tantas notícias de abertura de recentes telejornais, depressa voltará ao anonimato donde nunca teria merecido emergir. A não ser que a sua nefasta ação se prolongue o suficiente para destruir de vez o clube de Alvalade.
Mas num presente em que vemos a realidade assombrada por Trumps e gente que recusa abrigo a quem, de barco, requer atracação aos seus portos, convenhamos que a loucura parece andar à solta, necessitando-se da urgente imposição de um mínimo de sensatez.

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