quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

Sempre disponível para um projeto político virado para o futuro

Das muitas campanhas eleitorais em que participei a do professor Sampaio da Nóvoa foi a que mais me entusiasmou. Embora a das primárias, que deram a vitória a António Costa, também me tenha dado a sensação de estar a contribuir para fazer História com H grande, a das presidenciais constituiu a grande oportunidade para perceber quão próximo poderíamos estar de fazer Política com P grande. Porque, ao contrário do demagogo, que nos coube na rifa, o nosso candidato propunha o debate pelas ideias, tornando-as substantivas, não as deixando ficar pela rama, que tanto jeito dão aos populistas. Por isso cada projeto político discutido no tipo de sociedade, que era o subjacente ao seu programa, não revelaria as suas virtualidades apenas no que poderiam favorecer os grupos sociais A ou B, mas o país no seu todo, quer no prazo imediato, quer no mais distante, aquele que mais importa para garantir as mudanças justas mais duradouras.
Foi, por isso mesmo, grato ver de volta o professor com a sua análise da realidade atual, criticando aquele que o venceu (mas não convenceu, pelo menos para os seus milhares de apoiantes!) por tomar o espaço político como seu, fazendo dos outros meros figurantes. Algo que muito prejudica a Democracia, que deve ser o espaço onde todos devem refletir e decidir em vez de se deixarem reduzir ao papel de meros bonecos em que quem tudo faz por ver em si focada a atenção é o que se põe a sorrir no centro das objetivas.
Mas a entrevista ao professor Sampaio da Nóvoa ainda vale pelo alento a quem não desiste de ver concretizada a sociedade avançada, de que ele se fazia proponente: ao não excluir a possibilidade de voltar a terçar argumentos numa nova campanha presidencial ele permite-nos crer que, daqui a três anos - quando. à custa de tanta selfie, de tanto abraço, de tanto afeto, o eleitorado já estiver mais do que farto de Marcelo -, a mesma grata satisfação de colaborar ativamente numa campanha inteligente e carregada de futuro volte a ser possível. Tanto mais que, ao contrário do que sucedeu quando Maria de Belém sabotou miseravelmente a intenção de António Costa ter nele o candidato presidencial a apoiar pelo Partido Socialista, nenhum outro melhor se ajustará ao ciclo que, em 2019, se iniciará com as europeias e as legislativas para culminar depois nas eleições para o mais alto magistrado da Nação na década que se avizinha.

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