1.Estamos a viver uma semana de efemérides: Marcelo é presidente há dois anos e Donald Trump viu cumprir-se o primeiro aniversário na Casa Branca. Embora radicalmente diferentes um do outro, ambos me descontentam profundamente.
2. Marcelo continua a olhar para o país pelo filtro do seu olhar direitista. Comparecendo no Congresso de uma coisa menosprezável fundada por Jorge Moreira da Silva para a sua autopromoção, e pomposamente chamada de Plataforma para o Crescimento Sustentável, carpiu-se sobre a falta de consenso nacional para o que serão os investimentos subsequentes ao Programa 20/20.
Na lógica de Marcelo o consenso só faz sentido se vincular o PS aos partidos das direitas excluindo liminarmente os situados à sua esquerda. Que importa o facto a atual maioria parlamentar já representar, segundo as sondagens, 3/5 do eleitorado? Qual a relevância de tais investimentos poderem vir a beneficiar muito mais os milhões de portugueses, que trabalham e pretendem alcançar um melhor padrão de vida, sendo pois os principais interessados nesse investimento, se Marcelo se preocupa sobretudo com os amigos empresários, gulosamente preocupados em ali encontrarem forma de continuarem a embolsar subsídios e outras prebendas?
O consenso que Marcelo lamenta não existir é eivado desse papel que se autoatribui: o de provedor dos interesses de quem, nas últimas legislativas, ficou sem as marionetas com que se tinha habituado a confiar as suas reservadas aspirações.
3. É a própria direita através de Miguel Relvas, que se preocupa com o estado das nossas relações com Angola, tendo em conta o quanto poderão ficar em causa os negócios de muitos dos seus tradicionais apoiantes. No entanto não deixa de incensar, como se de santa se tratasse a ainda Procuradora Geral da República, que tem dado cobertura ao comportamento antinacional de alguns dos seus subordinados. Por ela, e tais ciosos defensores da lei d’aqui e d’além-mar em Africa, bem poderão vir recambiados milhares de portugueses, que trabalham em Angola e postas em causa as significativas exportações para ali encaminhadas, que tudo justifica a suposta independência do ministério público. Valha-nos o governo e particularmente o seu ministro dos Negócios Estrangeiros que já se comprometeu a “com paciência, com sentido de Estado, com a responsabilidade de todos”, superar a situação. E, nesse sentido, não faltam provas de como António Costa e a sua equipa têm resolvido a grande maioria dos problemas, que se lhe têm colocado.
4. E terminemos com mais uma prova da atávica estupidez de Donald Trump: tudo aponta para o facto de se ter convencido das vantagens de precipitar o shut down dos serviços federais, porquanto, em 2013, quando os republicanos forçaram tal situação à Administração Obama, viram-se seriamente criticados pela opinião pública. Ora, pensando que conseguiria façanha semelhante se levasse os Democratas a responsabilizarem-se pela rutura negocial, que resultasse no mesmo efeito, twittou de forma a facilitar tal desiderato.
Ora, apesar de desde então culpar incessantemente os Democratas na sua fúria twitteira, o resultado é o inverso - a atribuição de culpas ao seu próprio partido - é algo que escapou aos desígnios do idiota.
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