sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

Os desafios da pesca a nível global

A pesca, componente fundamental das sociedades humanas, está em vias de viver uma revolução. Metade do peixe consumido a nível mundial provém da aquacultura e o centro da gravidade da pesca mundial deslocou-se para a Ásia.
Segundo a FAO, organização das Nações Unidas para a alimentação e a agricultura, a quantidade de peixe consumido em média por habitante era de 10 kgs em 1960, contra 20 em 2014, ou seja, verificou-se uma duplicação nos últimos cinquenta anos.
Esse aumento está relacionado com a urbanização, o aumento dos rendimentos e a evolução das modas alimentares. Houve uma ocidentalização da gastronomia nos países emergentes e preocupações dietéticas nos países ricos.
Verificou-se, igualmente, uma explosão de produção mundial de pesca, que passou de 19 milhões de toneladas em 1950 para 167 milhões em 2014, ou seja uma multiplicação por nove em tal período. Para compreender esse aumento há que atender a duas técnicas de produção: a pesca no mar e a aquacultura.
No final dos anos 80 a pesca nos mares alcançava o pico de 90 milhões de toneladas anuais. A estagnação desde então verificada deve-se ao aumento do número de espécies exploradas totalmente ou mesmo sobre exploradas, situações em que não se deu o devido tempo de crescimento aos mais jovens  ou às fêmeas para se conseguirem reproduzir. A aquacultura permitiu alcançar o aumento de produção. Em 1974 representava 7% da produção mundial contra 44% em 2014, ou seja 74 milhões de toneladas, que, em si, já suplantam a de carne bovina.
A outra tendência que se pode observar é o peso crescente da Ásia neste setor, com 70% do consumo mundial, metade do qual assumido pela China. Também se verifica nesse continente a captura de mais de metade do que se pesca nos mares (52%), sobretudo no Noroeste e no Centro-oeste do Pacífico e no Leste do Oceano Índico.
E, como a aquacultura fornecerá mais de 2/3 dos peixes destinados à alimentação humana em 2030 é importante considerar como se assegura o  seu alimento: com farinhas e com óleos de peixes. É necessário cerca de 1,5 kg de peixe de mar para produzir 1 kg de salmão de aquacultura. A piscicultura pesa, pois, fortemente nas fontes haliêuticas. Ora, com a instauração de quotas nas espécies destinadas a tal indústria, ela mostra-se insuficiente para satisfazer a procura. Daí que os peixes de aquacultura sejam cada vez mais alimentados com farinhas e óleos vegetais, sobretudo os provenientes do milho e da soja. Como vantagem aponta-se-lhes  a presença de menos metais pesados e dioxinas, mas mostram-se insuficientes para corresponderem ás necessidades nutritivas de todas as espécies de peixes.

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