1. Os casos de legionella num hospital privado está nas notícias, mas sem a dimensão empolada, que foi dada aos do São Francisco Xavier. Porque ainda não houve mortos, dirão os crédulos. Para quem é menos «inocente» as razões são obvias: as más notícias tornam-se particularmente apetecíveis aos chefes de redação e aos diretores de informação, quando têm algo a ver com instituições tuteladas pelos ministros deste governo. Se elas decorrem das idolatradas gestões privadas passam a notas de rodapé.
2. O PSD e o PAN andam a impor a discussão do Rendimento Básico Incondicional na atualidade política de curto prazo. Dando azo a todas as ilusões e demagogias.
Para o patronato, que sabe bem como o emprego se tenderá a tornar mais escasso com a robotização da produção industrial e a informatização de muitos serviços administrativos, essa solução poderá ser interessante se os livrar de excessiva contestação social ao seu obsceno enriquecimento. Desde que não sejam eles a pagar.
Hoje, como amanhã, caberá ao Estado manter os serviços universais constitucionalmente instituídos (saúde, educação, segurança social, etc.), colhendo por via fiscal junto das empresas com lucros substanciais e escassos recursos humanos, as receitas necessárias para combater a pobreza.
Daí que a questão do RBI se possa colocar no futuro, mas ainda terá muita ponderação a justifica-lo.
3. A morte de Ingvar Kamprad foi pretexto para muitos saudarem o empreendedorismo de quem fundou uma das marcas mais bem sucedidas do nosso tempo: o IKEA.
Com a legitimidade de quem se recusa liminarmente dar um cêntimo a ganhar a tal empresa, só evoco a efetiva ligação do biltre aos nazis com a comprovada militância no partido de Hitler e a posterior apetência pela fuga aos impostos, utilizando o tipo de malabarismos tão do agrado dos donos do Pingo Doce. Mesmo que fosse dono de um coração piegas não seria por Ingmar Kamprad que gastaria comovida lágrima.
4. Entusiasma-me a ideia de um Curdistão independente pelo que acrescento a atual invasão turca ao seu território no norte da Síria ao largo somatório de crimes imputáveis ao ditador turco. Mas convenhamos que, acolhendo o apoio norte-americano e europeu na luta contra o Daesh, os curdos expuseram-se ao imbróglio em que se veem, sem que ninguém acorra agora secundá-los na defesa das suas posições. Úteis enquanto pouparam a militares ocidentais os riscos de uma guerra intensa a geradora de muitas baixas, os curdos veem-se novamente abandonados à sua triste sorte. Mas, tendo em conta a sua conhecida eficácia militar, há sempre a esperança de que seja nessa agressão externa, que Erdogan venha a partir os dentes…
5. Matteo Renzi continua a fazer os possíveis por dar cabo do que resta da esquerda italiana: ao optar por indecoroso sectarismo na escolha de quem integrará as listas de deputados às eleições legislativas de março, justifica a merecida derrota antecipada e a devolução do país ao foguetório berlusconiano. As esquerdas europeias precisam de se depurar com a máxima urgência dos que nelas se infiltraram para que o seu esmagamento se torne mais aviltante. Mas ideias existem que conseguirão ressurgir das cinzas em que as terão querido destruir...
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