Dois anos se passaram desde que Marcelo foi eleito presidente e se tinha sido a televisão a fundamentar-lhe o sucesso - que não o mérito das suas propostas políticas, aparentemente cingidas aos afetos, mas escondendo propósitos bem mais sinistros! - ele continua a basear a popularidade nesse vazio feito de ocupação plena do espaço mediático: entre o primeiro e o último dia de 2017 ocupou 177 horas nos programas de informação dos canais generalistas, ou seja mais tempo do que Cavaco e Sócrates juntos tinham tido dez anos antes.
Se um qualquer poder totalitário quisesse infernizar os seus adversários bastar-lhe-ia obriga-los a assistir mais de sete dias a fio a essa contínua propaganda sem outro conteúdo do que a pornográfica sucessão de beijos, abraços e selfies. Ao fim dessa semana de tortura, as vítimas vomitariam Marcelo, suariam Marcelo, defecariam Marcelo.
E, no entanto, nada do que se decide no país - quanto ao crescimento da economia, à redução da dívida, á criação de emprego, etc. - a ele se deve. Nada do que fez contribuiu fosse o que fosse para que o país ficasse melhor. Pelo contrário, na forma sibilina como costuma intrigar, serviu-se dos incêndios para criar obstáculos a quem tem arcado com todo o trabalho. Procurando, nas entrelinhas, colar-se-lhe nos méritos.
Só não se pode dizer que dois anos depois há quem esteja farto, porque já o estaria desde o primeiro dia da sua ocupação do Palácio de Belém. Porque ele trazia vasto historial anterior, que justificava a antipatia, que não conseguiu diluir: filho e afilhado de fascistas, ideologicamente direitista, por natureza alcoviteiro, nem a idade vetusta o tem melhorado. É um logro aparentemente bem sucedido, mas há sempre a expetativa de vir a ser desmascarado como tal…
Que não tarde tal dia...
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