Não é que o nível de poluição mediática prometa melhorar substancialmente com o iminente desaparecimento de alguns figurões, que nos têm assombrado com as suas malfeitorias. Mas é sempre bom registar a passagem à clandestinidade - espera-se que definitiva! - de Passos Coelho ou de Steve Bannon.
Embora pareça excessivo associar esses dois nomes, a verdade manda reconhecê-los fraternos na mesma visão fanática daquilo em que acreditam, não enjeitando estratégias sem pinta de escrúpulo para as conseguirem concretizar. Sendo ambos uns incansáveis manipuladores da realidade, transformada numa caricatura do vislumbrado por qualquer observador imparcial, também se terão considerado muito mais inteligentes e poderosos do que, afinal, se revelaram.
Para o primeiro bastou um primeiro-ministro competente e determinado em expô-lo ao fracasso das suas teses austericidas para se desmascarar como um zé-ninguém. Ainda mais achincalhante se revelou a queda do segundo, rapidamente trucidado pelo narcisismo, ainda eficiente, do seu antigo patrão.
Igualmente votada ao ostracismo, a prole de José Eduardo dos Santos ainda estará a travar a desnorteante vertigem que, num ápice, a apeou das grandes alturas a que se havia alcandorado. Se, meses atrás, a compra de um dispendioso relógio num leilão já desqualificara o benjamin da família, vituperado pelo gesto bufão e obsceno, os manos e manas assumem-se como as principais vítimas de um Presidente disposto a livrar-se das peias em que o antecessor o julgara controlado.
De ilusões desfeitas também andam uns quantos deputados do movimento político de Emmanuel Macron, subitamente despertos para o tipo de fatiota em que se deixaram formatar. Vindos muitos deles do Partido Socialista, que terão ajudado a quase exterminar, veem-se confrontados com a necessidade de virarem o bico ao prego quanto ao que haviam acreditado a respeito dos refugiados e a aceitarem a perspetiva lepenista, que lhes estão a vender como modelo imperioso da nova moda primavera-verão. Alguns andam a considerar que a pastilha é demasiado amarga para a engolirem, mas tarde piam numa altura em que as esquerdas andam reduzidas à sua mínima expressão.
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