Remetida a história das sanções para as prateleiras dos saldos, as televisões, os jornais e as revistas têm de se precipitar para as novas tendências que vão entrar na moda noticiosa deste verão.
Os incêndios costumam ser uma receita infalível com as inevitáveis referências aos “cenários dantescos”, mas apesar de um julho invulgarmente quente não têm surgido casos que justifiquem grandes exaltações jornalísticas. Por agora até os deuses do fogo parecem de mãos dadas com António Costa escusando-se a dar-lhe grandes preocupações com as suas manifestações ígneas.
A comida afrodisíaca ou os sempre úteis conselhos para erotizar o parceiro amoroso é outro clássico a não perder de vista, mas por ora, ou ando muito distraído ou não tenho visto nos quiosques aquelas capas sugestivas com nádegas generosas ou banhistas em topless.
A SIC, porém, não andou a perder tempo: como importa, sobretudo, levar para conveniente esquecimento todas as tristes figuras assumidas por Passos Coelho nas semanas mais recentes, quase babando-se com a possibilidade de ver o país condenado por sanções cuja responsabilidade seria exclusivamente de António Costa (como se essa “evidência” fosse factualmente aceite fora do seu restrito círculo de devotos!), cuidou de chamar o chefe de Rosário Teixeira para uma entrevista. Para além da confirmação do que já sabíamos - os procuradores andam literalmente aos papéis sem encontrarem indícios justificativos de uma acusação a José Sócrates - produziu esta reflexão muito elucidativa sobre a personalidade de quem lidera o Ministério Público: se a nossa “Justiça” contemplasse prémios a quem se dispusesse a ser «bufo», seria fácil conseguir o que, de outra forma, se revela impossível.
Haverá maior prova da sua inadequabilidade para as funções que desempenha?
O problema para a SIC é porém outro: tratando-se de uma «não história», como alimentá-la de forma a conseguir aguentar-se até ao final do verão, quando entrar a moda de outono assente num orçamento para 2017, que os habituais velhos do Restelo aventam como de consenso impossível entre as várias vertentes desta esquerda plural? Até António Costa, Catarina Martins e Jerónimo de Sousa demonstrarem-lhes o contrário...
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