Eu sei que estamos na silly season, por direito próprio contemporizadora com a expressão dos maiores disparates, mas ver Passos Coelho dizer que António Costa anda a dar cabo do trabalho de “fortalecimento” do setor financeiro por ele assumido nos quatro anos da sua legislatura ou Cavaco Silva a atrever-se à tese de ter desempenhado as suas funções nas alturas em que o país mais dele “precisava” só nos pode levar a concluir que o sol tem incidido com demasiada intensidade em tão vetustas moleirinhas. É que, querendo ambos esquecer a impopularidade em que tombaram, ainda acreditam nas histórias da carochinha com que, em tempos idos, iludiram muitos portugueses.
Foi, aliás, patética a tentativa de Leonor Beleza em negar a evidência de se ter arranjado à pressa uma homenagem a Cavaco Silva no mesmo dia em que todas as câmaras dos medias se concentrariam merecidamente em Mário Soares. Os aduladores, que integraram a corte do sujeito de Boliqueime, não querem aceitar a morte política, que a História já lhe destinou deixando-lhe apenas espaço para uma ou outra nota de rodapé em que os seus consulados só podem ser asperamente criticados. E quanto a Passos Coelho acontece algo de semelhante, mas ainda pior: embora quase tão nocivo quanto o seu parceiro de partido, mais ignoto ficará na História do nosso tempo, quando ela for feita e não sobrar espaço para dela reter o que representou de mais rasteirinho.
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