Nos quinze dias de férias fui acompanhando espaçadamente a realidade política, sempre surpreendendo-me com a deriva alucinada em que Passos Coelho parece cada vez mais atolado.
Embora aparecendo, amiúde, com aquela ridícula pose de estadista, que os seus “marketeers” afinaram até à exaustão para o aparentar asizado, o antigo primeiro-ministro lembra aqueles doidos do manicómio, que se pavoneiam pelos corredores a proclamarem-se como reencarnações de Napoleão Bonaparte.
Ouvi-lo falar de lhe terem “roubado” a governação sem manifestar uma pinga de pudor sobre a violação dos mais elementares conceitos de Democracia só demonstra a incapacidade para assimilar a derrota sofrida em 4 de outubro de 2015 e explicar essa deriva atoleimada.
Quando dias depois acusa o governo de António Costa de ter uma “conduta criminosa” relativamente ao setor bancário revela a completa pouca-vergonha de quem se escusa a responsabilizar-se quanto ao seu papel no sucedido no BES, no Banif ou na Caixa Geral de Depósitos. A realidade pode ser outra mas a obsessão alienada fá-lo só tomar os desejos por algo de concreto.
É certo que o ainda líder do PSD continua a usufruir da boa imprensa, facultada pelos seus cúmplices nos jornais, televisões e rádios pertencentes às oligarquias responsáveis pelo estado do país. Mas vamos acreditar que o povo chega a uma daquelas fases de maior lucidez e se livra da manipulação constante a que é bombardeado: nesse dia Passos descobrir-se-á não propriamente no prosaico caixote do lixo da História, mas na sua fossa mais nauseabunda…
Talvez se lembre, então, com saudade dos tempos em que a ambição não o levava mais longe do que a aspirar ao palco encenado por La Féria.
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