quarta-feira, 6 de julho de 2016

Recuperar os Valores que importam

Será uma das lutas essenciais dos próximos tempos: a recuperação de uma sociedade baseada nos Valores. Que são os da Dignidade, da Solidariedade, da Igualdade, da Liberdade e muitos outros quase tornados subversivos por uma mentalidade neoliberal para a qual o Individuo e o Mercado foram os únicos a respeitar.
Não era Friedman e toda a sua corja de seguidores, que defendiam a eliminação do papel do Estado na criação de reequilíbrios económicos e sociais, porque só favoreceriam os madraços em detrimento dos empreendedores e os incompetentes em desfavor dos verdadeiramente competitivos?
Estamos a chegar ao fim de um período, que durou quase meio século, em que o marxismo foi declarado morto e enterrado e os movimentos socialistas e sociais-democratas cooptados para servirem de muletas aos desígnios dos que pretendiam levar o capitalismo mais além, até à sua presente fase globalizada.
O que se passou no Reino Unido com o referendo foi a vitória de uma decisão justa por más razões, porque nenhum diretório burocrata tem o direito de subjugar a vontade soberana de um povo, por muito que ele vá atrás de discursos xenófobos e a contrario dos verdadeiros interesses dos que neles votaram. Mas a União Europeia demonstra a sua irrecuperabilidade, quando nela se constata a intenção reiterada em agravar os erros, que têm precipitado o divórcio entre os seus povos e as instituições, que os tendem a empobrecer em benefício de oligarquias financeiras ou industriais.
Estamos ainda na fase em que sair da organização custa mais caro do que nela mantermo-nos, mas sempre na pose de quem contesta e não se submete Se Tsipras foi obrigado a render-se, António Costa terá inteligência bastante para evitar o duelo aberto, que o líder grego quis forçar até ao momento derradeiro, sabendo flanquear as feras e atingi-las onde elas mostrem ser mais fracas.
Se a História dos povos está bem preenchida de exemplos de golias derrubados por intrépidos davides, quem nega a possibilidade de, em nome dos valores em que se reconhecem multidões, um pequeno e intrépido povo vergar os que só ostentam cupidez e a vazia empáfia no olhar?

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