Temos de reconhecer que está declarada uma guerra intensa da corrente austericida europeia ao governo de António Costa. É que derrotadas as pretensões do Syriza a uma política diferente na Grécia e com Manuel Valls decidido a assassinar o socialismo em França, depois de em vão, ter querido retirar essa designação do Partido de Mitterrand e de Delors, este cantinho à beira-mar plantado arrisca-se a ser uma espécie de aldeia de Asterix, intransigente quanto à defesa de um caminho diferente para combater a crise instalada em toda a Europa.
O problema para Schäuble & Cª está no medo em que a poção mágica com que os druidas socialistas portugueses contam dilatar a possibilidade de sucesso da economia, dê mesmo resultado e os muitos, que os criticam possam, em definitivo, aumentar o clamor de tais protestos, invocando:
- Vejam, os portugueses! Estão a seguir outra via e ela está a resultar!
Por isso tentam privar a receita de alguns dos seus ingredientes fundamentais: juros relativamente baixos nos mercados da dívida soberana e o acesso aos fundos europeus tão necessários aos novos investimentos.
As palavras de Schäuble, Subir Lall, Mariano Rajoy e do até agora anónimo Klaus Regling, hoje tão enfatizado nas notícias de alguns telejornais, visam isso mesmo: sem quaisquer fundamentos dar a ideia generalizada de um fracasso total nas políticas aqui implementadas e criar o mal-estar dos mercados financeiros para com o nosso país.
Batedores de uma direita europeia, a contas com a incapacidade para lidar com o desastre financeiro, que criou, pretendem inviabilizar as soluções alternativas capazes de lhes desmascararem a incompetência e a cegueira ideológica. No fundo lutam pela sua própria sobrevivência política.
Essa estratégia tem, obviamente, uma quinta coluna interna: sem outro discurso plausível, Passos Coelho já se mostra desagradado com o protesto diplomático que o governo português endereçou ao de Angela Merkel a propósito do seu ministro e volta a defender quão auspiciosa era a política baseada nos cortes dos salários e das pensões ou no corte de direitos aos trabalhadores.
E não podemos esquecer o papel do «Observador», onde Helena Garrido volta a destacar-se pela sua dedicação em procurar o derrube de governos de esquerda: depois de ter sido por ela que Teixeira dos Santos deu, em 2011, a facada nas costas em José Sócrates, para que viesse a troika, volta a prometer a sua intervenção no sentido de incendiar a opinião dos que a leem, ao resgatar a tese da prevalência os efeitos das políticas do governo sobre a crise, em detrimento dos condicionalismos estritamente externos.
Não se entende por isso a «colaboração» que a FESAP decidiu dar a estas comprovadas manifestações de sabotagem vindas de direções diversas, mas todas com o mesmo sentido: derrubar este governo. Tendo em conta o compromisso de chegar à implementação das 35 horas em toda a Função Pública, faz algum sentido fazer greve no fim do mês?
Ana Avoila continua a mostrar que não aprende nada com os erros do passado.
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