Qandeel Baloch tinha 26 anos e era uma estrela das redes sociais no Paquistão. A sua morte às mãos do irmão, num daqueles «crimes de honra» tão frequentes no mundo muçulmano, só confirma o carácter criminoso de uma religião e da cultura a ela associada, que tarda em ser ostracizada por um Ocidente temeroso de impor a lógica da Filosofia das Luzes - que é a dos Direitos Humanos fundamentais - como bitola para redefinir a sua relação com algumas nações e com alguns dos seus cidadãos.
Sei que este não é um ponto de vista muito aceitável para os defensores do politicamente correto e para quem defenda a miscigenação de culturas, mas acredito que a luta contra o terrorismo, que se tornou uma chaga terrível em diversos países europeus, passa pela proibição de ideologias em contradição com a Declaração aprovada pela ONU em 1948 e que deveria ter aplicação universal. O que equivale a proibir as ideologias fascistas, surjam elas a coberto de populismos nacionalistas ou de preconceitos religiosos.
Acontece que, nestes dias de ausência dos blogues e das redes sociais, vi uma reportagem inglesa sobre os casamentos forçados de meninas adolescentes no Reino Unido. Segundo apuravam os jornalistas todos os verões há pelo menos 400 raparigas levadas de férias para o Paquistão durante as férias escolares e que já não regressam por terem sido obrigadas a desposar desconhecidos por imposição dos pais. Um número que reconheciam estar calculado muito por baixo por ser bem mais volumosa a ocorrência de tais situações. E verificava-se que até em mesquitas aparentemente libertas de conceções fundamentalistas os repórteres disfarçados de pais ou irmãos de raparigas com 14 anos encontravam sempre imãs dispostos a casá-las contra vontade, mesmo sabendo da ilegalidade de o fazerem à luz da lei britânica.
Significa isto que, mesmo em ambientes tidos como respeitadores das leis locais, os clérigos muçulmanos darão sempre prioridade à sharia em relação às que imperam à sua volta. Daí a necessidade de opor às diversas formas de totalitarismo vigente nas nossas sociedades, uma resposta igualmente firme a criminaliza-las, tornando os seus líderes nuns párias. E daí a importância de uma outra geopolítica em que, contra o radicalismo assassino dos que combatem Assad, importaria apoiá-lo na recriação de uma Síria onde o carácter laico da sua sociedade voltasse a ser a regra. Já que não foi possível fazê-lo no Iraque, na Líbia ou no Egito, importa recomeçar por algum lado. E sempre tendo em conta que o Irão ou a Arábia Saudita, por muito que os líderes de ambos os lados se odeiem, deverão ser igualmente proscritos por nenhum poder político ser aceite como decorrente de uma qualquer legitimidade divina.
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