Chega a ser pungente a presença de Passos Coelho, quase sem ninguém a acompanhá-lo num qualquer evento em Cantanhede onde se deslocou este sábado para romper com o silêncio a que se remeteu após a notícia da inexistência de sanções por parte da Comissão Europeia. Ele clarificou na perfeição o que Pedro Nuno Santos disse na entrevista ao «Expresso»: “percebemos que uma parte do PSD queira resolver o problema da liderança (…) e que precise de umas eleições, mas não conta com esta maioria para isso.”
Na semana anterior tinham sido várias as vozes à direita - a começar pela do coscuvilheiro de Fafe! - a anunciar a “vontade” de António Costa em provocar uma crise até ao fim do ano para se livrar do acordo com o PCP, tendo em conta os indicadores facultados pelas sondagens mais recentes.
É claro que essas vozes exprimem aquilo que o ministro do PS deixou bem explicito na referida peça jornalística: há cada vez mais gente dentro do PSD a ter a noção de estarem condenados a longo exílio do poder enquanto Passos Coelho teimar em não compreender que já se converteu num zombie: mexe-se, consegue atacar mesmo que desajeitadamente, mas o seu lugar já é, politicamente, nas catacumbas.
Há por isso a ânsia por eleições: mesmo copiosamente derrotados, os barões do PSD conseguirão livrar-se finalmente do seu ainda líder e encetar um processo de regeneração passível de os tornar novamente apetecíveis para os eleitores nas votações seguintes.
Por ora o desconcerto nas direitas é tal que, pressentindo o ar alourado de João Almeida na sessão da Comissão Parlamentar sobre a CGD, Mário Centeno “fez-lhe o desenho” para lhe explicar o verdadeiro sentido da palavra “desvio”, ou seja a diferença entre o que se projetou e o que se conseguiu executar.
Quando até as noções mais elementares se revelam inacessíveis aos parlamentares da direita, é de acreditar num longo futuro da esquerda à frente da governação.
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