domingo, 24 de julho de 2016

Pim!

Tal como a 28 de junho previ que Theresa May seria a próxima primeira-ministra inglesa, quando todos apostavam em Boris Johnson (http://ventossemeados.blogspot.pt/2016/06/a-direita-confrontada-com-os-seus.html), não tenho grandes dúvidas em prever um epílogo muito brutal para Erdogan.
Há ditadores, que só uma bomba ou um tiro certeiro, conseguem derrubar. Infelizmente para nós a equipa de Emídio Santana teve pouca habilidade, quando se tratou de fazer saltar o carro de Salazar obrigando-nos a aturá-lo mais uns anos. Tal como Hitler escapou ao atentado promovido por militares da Wehrmacht, mas mais tarde ou mais cedo, teria quem lhe tratasse da saúde se os soviéticos não houvessem chegado lestamente a Berlim.
Em compensação para tais falhas, o penúltimo primeiro-ministro de Franco, Carrero Blanco, foi parar ao topo de um prédio e a nossa monarquia caiu por obra e graça dos tiros de Buiça e de Costa.
Poder-se-á argumentar que não se trata propriamente de um método muito democrático, mas quando o poder ditatorial trata de prender generais e juízes, destituir das funções públicas quem não lhe agrada, reprime violentamente quem contra ele se manifesta e impõe a lei da rolha nos jornais e televisões, poder-se-á criticar quem decide abreviar o curso da História e tratar da pele ao facínora de serviço? Sobretudo, quando a manipulação das consciências é brutal e milhares de alucinados vêm para as ruas defender quem de facto os oprime?
Erdogan é o exemplo lapidar do crápula, que merece morrer violentamente até por, na sua sanha contra quem se lhe opõe, se apressar a restabelecer a pena de morte. Ora, pelos ferros há-de morrer, quem com os mesmos ferros quererá matar.
Aceitam-se apostas para quando a sua morte será tema de abertura nos telejornais de todo o mundo. É que ele tem feito tantos inimigos, que é só escolher de onde surgirá a mão justiceira: dos curdos, que têm sido assassinados barbaramente em quase todo o seu consulado? Dos militares que vêem cada vez mais frustrados os sonhos de laicização de Ataturk? Dos discípulos do clérigo Gullen, seu antigo compagnon de route, que se autoexilou nos EUA? Dos próprios norte-americanos, que não gostam de tão incómodo “aliado” dentro da NATO?
A ditadura de Erdogan tem sido tão aviltante para milhões de cidadãos - tantos quantos os que o dizem ainda apoiar! - que a lista poderá ser acrescentada de muitos outros candidatos.
Por mim apresso-me a pôr uma garrafa no frigorífico para, mais tarde ou mais cedo, celebrar o seu fim.

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