sábado, 9 de junho de 2012

Razões para algum otimismo


A entrevista de Anabela Mota Ribeiro a Vasco Vieira de Almeida, e publicada na edição de hoje do «Jornal de Negócios», vale a pena ser lida por trazer as opiniões de um dos «sábios» da nossa República, dono de um currículo irrepreensível na defesa dos valores mais profundos do socialismo democrático.
Em primeiro lugar, e a contracorrente do pensamento dominante, ele não está nada pessimista com as perspetivas abertas aos portugueses: As crises têm um lado positivo. Em História geram sempre um caminho em frente. O meu pai costumava dizer que viver e morrer não faz grande diferença, o pior é a transição. Estamos nessa transição.
Mais adiante ele explica as razões das presentes dificuldades: quando se desregulou o mercado internacional de capitais criou-se uma enorme massa monetária que foi aplicada em financiamentos a Estados, empresas e famílias a juros muito baixos e durante muito tempo. Houve países que não tinham condições para contrair esses empréstimos e geriram irresponsavelmente a sua dívida. Mas o facto é que lhes foram criadas condições nesse sentido.
A alternativa poderá ser a de uma maior integração europeia: Criar um federalismo institucional e formal não resolve o problema. É necessário aplicar políticas de convergência fiscal, regulação bancária e de coesão que não resultem da imposição autoritária de qualquer diretório e possam ser absorvidas pelos Estados em condições diferentes. Ou há uma Europa solidária, com uma visão estratégica assente na justiça social ou teremos a prazo o desaparecimento gradual do Estado de Direito e poremos em risco o sistema democrático.
Vasco Vieira de Almeida não tem dúvidas quanto às cedências de Ângela Merkel: Uma das razões porque a Alemanha vai ter de ceder é porque 40% do que exporta é para a Europa. E aquilo que exporta para a China, estarão os chineses a produzir dentro de dez a quinze anos. Essa fonte vai secar-se. E se secar a Europa a indústria de exportação alemã será a primeira a sofrer.
Em suma o entrevistado reconhece existirem razões para otimismo nas circunstâncias presentes...

Sem comentários:

Enviar um comentário