Cosmopolis, o filme de David Cronenberg baseado no romance de Don DeLillo, e produzido por Paulo Branco, já estreou há uns dias nos ecrãs nacionais. A sua apreciação suscita muitas abordagens possíveis de tão rico é o tema e forma de o apresentar, mas aqui, no blogue, vale a pena enquadrá-lo no contexto de alguns outros títulos distribuídos recentemente pela indústria cinematográfica norte-americana: Margin Call de J.C. Chandor, Wall Street: Money Never Sleeps de Oliver Stone, ou documentários como Capitalism: a Love Story de Michael Moore. Então concluímos facilmente pelo surgimento de uma tendência crescente para demonstrar a incapacidade de reforma deste sistema económico esgotado na capacidade de gerar melhores condições de vida às populações.
Há umas décadas poderíamos privilegiar o sentido de justiça do socialismo ou do comunismo, mas víamo-los traduzidos em regimes facilmente criticáveis pela sua corrupção, falta de liberdade e pobreza sistémica.
Foram os tempos em que qualquer defensor dos mercados livres conseguia facilmente demonstrar a superioridade da qualidade de vida de um norte-americano ou de um europeu ocidental em comparação com a de um cubano ou de um soviético.
Mas esses tempos acabaram com a agudização dos principais efeitos da globalização: o desemprego de camadas cada vez mais vastas das populações dos países outrora tidos como desenvolvidos vai empurrando-as para um empobrecimento, que se aproxima perigosamente da (falta de) qualidade de vida das consideradas do Terceiro Mundo.
Cresce assim o rumor cada vez mais audível da rejeição do atual sistema de organização política e económica.
Só não se clarificou ainda qual o que o virá a substituir...
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