terça-feira, 5 de junho de 2012

Uma nova esperança para a esquerda europeia


Numa das suas recentes crónicas no «Nouvel Observateur», Jean-Claude Guillebaud coloca uma questão pertinente: será que a esperança encarnada por François Hollande definhará tão facilmente a curto prazo, quanto a que representou a de Mitterrand há trinta anos? É que a expetativa num efeito de contágio capaz de mudar todo o panorama político internacional é tal, que custará reconhecer um eventual fracasso do novo presidente francês!
Mas para Guillebaud as condições de afirmação de Hollande são completamente distintas das de Mitterrand: quando este entra no Eliseu o sistema «comunista» do leste europeu dava sinais de degenerescência na Polónia e os trinta anos gloriosos de crescimento pós 2ª Guerra Mundial tinham chegado ao fim com as crises de petróleo…
Hoje já não é o muro de Berlim, que está em riscos de cair: é o de Chicago, essa cidade aonde, nos anos 50, Milton Friedman enunciou a ideologia ultraliberal, de monetarismo puro e duro.
Essa interpretação rústica e fomentadora de grandes desigualdades conhecerá um sucesso imediato com Reagan na Casa Branca e Thatcher em Downing Street, contaminando regimes de todas as latitudes, incluindo a Comissão Europeia de Durão Barroso.
Antes da crise de 2008 nada parecia travar essa abordagem ideológica. Mas, desde então, só as cada vez mais isoladas elites das oligarquias ainda a defendem. Acossadas numa posição defensiva!
E torna-se progressivamente maioritária a rejeição dessa receita. Que significa o desmoronamento do tal «muro de Chicago»!
Justifica-se, pois, uma atenção expectante a tudo quanto de França surgir, enquanto tentativa de requalificar a democracia, cingindo a relevância dos banqueiros ao papel de assegurarem liquidez à economia. Fazendo circular os fluxos monetários!

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