sexta-feira, 8 de junho de 2012

Situação grave, mas não catastrófica


Na excelente intervenção que o filósofo esloveno fez há dias num comício do Syriza, ele lembrava uma anedota que se contava quase no final da Segunda Guerra Mundial. Assim, o exército alemão enviava para o austríaco a seguinte mensagem a partir de uma das linhas da frente:
- Aqui a situação é catastrófica, mas não é grave!
Por seu lado retorquiam os austríacos aos seus aliados:
- Aqui a situação é grave, mas não é catastrófica!
O exemplo servia a Zizek para colocar os que defendem a primeira daquelas afirmações com o pensamento dominante a nível da União Europeia em que se reconhece ser catastrófica a atual situação, mas passível de prosseguir sem nada se mudar para promover a sua alteração.
Pelo contrário os gregos podem situar-se na segunda afirmação, se apostarem na vitória da esquerda consequente nas eleições do dia 17: a situação é grave, mas não é catastrófica!
Claro que será necessário manter padrões de governabilidade condicionados por bastante contenção, mas implicará igualmente a coragem para os minimizar com medidas destinadas a aliviar o tremendo sofrimento por que passam os jovens e os reformados, os desempregados e os que sentem precarizado o seu emprego.
Apesar de socialista por opção, se vivesse na Grécia passaria ao lado do incompetente PASOK para apostar no Syriza. Porque, infelizmente, os partidos socialistas e sociais-democratas europeus habituaram-se demasiado às mordomias do poder e esqueceram o pensamento ideológico, que lhes serviu de matriz fundadora.
Ser socialista continua a ser a defesa de uma sociedade mais justa e igualitária, aonde o mercado seja devidamente regulado de modo a não criar as obscenas fraturas entre os que se apossaram ilegitimamente das riquezas coletivas e delas privam a maioria dos seus concidadãos.
Estamos na altura de ver o socialismo regenerar-se, seja pela via reformista de um Hollande, seja pela mais apressada e consequente de Tsiras e seus aliados...

Sem comentários:

Enviar um comentário