quinta-feira, 7 de junho de 2012

A justificada indignação de um bispo


As desassombradas palavras de D. Januário Torgal a propósito do comprazimento de Passos Coelho com a paciência dos portugueses espelham a indignação de um número crescente de portugueses pela forma como o Governo se acomodou à subserviente atitude perante os ditames da troika.
Como diria Pedro Adão e Silva, mais tarde, na SIC Notícias, o que Vítor Gaspar e os seus pares estão a executar é uma espécie de capitalismo científico tão académico e desfasado da realidade como fora outrora o propalado socialismo científico. E que se traduz na resolução do candente problema do desemprego dos jovens, enviando-os para o estrangeiro. Como Relvas repetiu, uma vez mais, manifestando orgulho por essa suposta solução.
Quer dizer: andaram os governos socialistas de José Sócrates a preparar toda uma geração de jovens para virem a constituir a tecnicamente mais bem preparada para transformar Portugal num país avançado e desenvolvido e trata este Governo de dar a outrem a colheita dos frutos de tal investimento pago por todos nós!
No afã de seguirem a cartilha neoliberal, Passos, Gaspar & Cª detiveram-se nos supostos benefícios da tremenda contração a que sujeitaram a economia portuguesa e hoje traduzido pelas quase duas dezenas de empresas que, todos os dias, fecham as portas. E depois ainda confessam a sua estupefação por tudo decorrer de forma muito diversa da esperada.
Pudera! Tarde concluem que, em vez de fazerem os portugueses alcançarem o Paraíso depois de uma redentora sucessão de sacrifícios, só os empurraram na direção de um abismo, sem que descubram agora a forma de inverterem a marcha.
O paradoxo é que talvez venhamos a agradecer ao novo governo espanhol a possibilidade de obrigar a Europa comunitária a arrepiar caminho. Pelo menos Rajoy já sente que isto não vai lá sem os inevitáveis eurobonds...

Sem comentários:

Enviar um comentário