Conhecem-se bem os mecanismos de erosão das zonas costeiras por efeito das marés, das tempestades e, mais lentamente, com a subida do nível das águas dos oceanos. Essa lenta dinâmica de forças incontroláveis ameaça a sobrevivência das populações, arrisca mudar os mapas atualmente conhecidos, desenhando os continentes com formas diversas das agora conhecidas.
Esse fenómeno reflete-se, igualmente, na política e serve de padrão comparativo para aquilo que é a estratégia das direitas, e dos interesses socioeconómicos delas titereiras, para demolir o governo que execram e as impede de cumprirem os seus objetivos.
António Costa tem dado contínuas demonstrações de ser um primeiro-ministro competente e de uma irrepreensível probidade no que respeita à forma como tem servido o Estado e os cidadãos sem se servir a ele próprio. Em tantos anos de exercício de cargos públicos nunca houve a mínima mancha, que pudesse comprometer-lhe o currículo.
As direitas bem se esforçaram - e conseguiram! - apossar-se da generalidade dos meios de comunicação, mas defrontam-se com o problema de terem pouco em que pegar. Veio a crise sanitária e Portugal serviu de exemplo positivo quanto à forma como lidou com a pandemia nunca permitindo que ela alcançasse a dimensão catastrófica de outras paragens. Está instalada a consequente crise financeira e económica, mas foi António Costa quem esteve na linha da frente para a criação de um programa europeu capaz de lhe dar eficaz resposta. Existe uma crise social e o governo tem-se multiplicado em apoios a empresas e cidadãos individuais no sentido de a minorar.
E, no entanto, essa estratégia de permanente erosão da credibilidade do primeiro-ministro e do seu governo não conhece tréguas: ora é a Ordem dos Médicos com a ilegítima auditoria, que suscitou um tremendo regabofe como se Reguengos fosse exceção numa realidade extensiva a muitos outros lares, inclusive dados como «de luxo»; foram expressões de Costa ou da sua ministra do Trabalho colhidas abusivamente ou retiradas do contexto para prosseguirem o chinfrim, quando o anterior se amainava; é agora o caso da Comissão de Honra, de que ninguém se lembrará daqui a uma semana, mas serve para anunciar que Marcelo iria dar um puxão de orelhas a Costa (como se tivesse topete para tal!).
É neste contexto que se tem de apreciar a candidatura de Ana Gomes e aferir que verdadeiros interesses ela comporta. Quando aproveita todas as ocasiões disponíveis para dizer mal de António Costa ela faz parte desse esforço das direitas para instabilizarem uma situação política, já de si complicada, porque não são questões mesquinhas a priorizarem-se na cabeça do visado, mas as soluções estruturais, que alterarão para melhor a vida dos portugueses se continuar a nortear-lhes o rumo, ou postas em causa e a mantê-los na cepa torta se ele acabar por se cansar e deixar que quem o quer derrubar mostre do que é capaz. Como se os quase cinco anos de Passos Coelho e Paulo Portas não servissem por si de demonstração bastante.
Ana Gomes veio armar-se em virgem escandalizada contra a corrupção, mas o que fez até agora para a combater para além de satisfazer o seu enorme narcisismo com o aparecimento na imprensa a disparar bitaites, alguns dos quais comprovadamente sem fundamento? Pelo contrário António Costa tem obra feita a mostrar: foi ele quem, como ministro da Justiça, alterou toda a legislação anteriormente existente e que possibilitara a orgia cavaquista com os milhões da então CEE, para dar ao Ministério Público os meios e competências de que dispõe atualmente para combater a corrupção. Ninguém como ele tem maior currículo no seu combate, por mais que Ana Gomes e os seus apoiantes - vide o abjeto artigo da sua apoiante Susana Peralta hoje no «Público» - podem reivindicar.
Como no conhecido sketch do Ricardo Araújo Pereira, não faltam bitaiteiros a agarrar na palavra corrupção para falarem, falarem, e nada fazerem. António Costa fez e é a melhor garantia em como os milhões provenientes do pacote europeu sejam investidos com transparência nos projetos, que melhor se enquadrem no verdadeiro interesse dos portugueses no seu todo e não nalguns em particular. Estes últimos não contam só com Marcelo ou com o Kim Jong-ventura para os defenderem. Ana Gomes, no papel de sonsa, também vem em seu socorro e, como sempre quem se aproxima do rebanho com passinhos de lã, é muito mais perigoso.
Post Scriptum - há cinco anos foi imperdoável que Cavaco Silva tivesse exigido a António Costa um acordo escrito com o Bloco e a CDU para formar governo depois de vencer as eleições de outubro. Agora Ana Gomes vem dizer que, acaso ganhasse as presidenciais de janeiro, lhe exigiria o mesmo. Os socialistas que ainda se deixam iludir por ela sentem-se confortáveis com essa sua assumida costela cavaquista?
Como militante socialista não consigo conceber que um candidato ao cargo de presidente da republica defenda a extorsão e violação de correspondência privada como no tempo da pide dgs ,aiana por sendo socialista e ex deputada ao parlamento europeu, pois o meu voto não leva de certeza.
ResponderEliminarNão havia necessidade de lhe chamar Kim Jong-ventura. Porque não Adolfo Hitler Ventura? É que para muita gente o tal Kim Jong é uma pessoa esclarecida que sabe o que quer e o que faz. Também concordo que querem dar cabo da imagem do António Costa e eu que sou benfiquista mas não socialista democrático lamento de o ver metido nestas diatribes em torno do Luís Filipe Vieira e acho que o António Costa também não tinha necessidade embora o universo benfiquista seja numeroso mas não chega para cobrir as malandrices desta direita que recebia dinheiro da Pide para denunciar os amigos e o Rui Rio com sorriso de alfaiate lá vai ateando as suas labaredas agora, coisa que ignorava, ao comando de uma bateria de jazz.
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