quarta-feira, 16 de setembro de 2020

A propósito dos que andam ó tio, ó tio!

 


Hoje decorre em Lisboa o protesto dos empresários de um setor da fileira turística, que se veem sem clientes e pretendem ajudas do Estado.

Os que vão sentindo na pele os efeitos perversos dos súbitos desencontros entre a oferta e a procura em sistema capitalista também são frequentemente os que, em circunstâncias de fartas receitas, mais resmungam contra os impostos, que se veem obrigados a pagar. Sempre alerta a esquemas que deles possam escapar.

Ora são esses tais impostos, que possibilitam ao Estado a capacidade para acorrer aos mais desprotegidos pela crise, criando programas específicos para atender ao que é possível. Mas sem contar com um poço sem fundo de euros para apoiar quem reclama e sabemos em graves dificuldades. Até porque muitos escaparam às obrigações, ora arredondando mais o mês com os impostos a que se furtaram, ora transferindo essas verbas para paraísos fiscais. Não esquecendo o quanto os cofres do Estado têm ficado espoliados por quem se socorre de esquemas obscenos como o da fuga das grandes empresas do PSI 20 e outras aparentadas para os países onde têm as sedes fiscais (Holanda, Luxemburgo, Chipre, etc).

(Num à parte, e  dando uma ajuda aos que têm lançado a despudorada campanha anti-António Costa dos últimos dias, quando é que o fotografam a fazer compras numa grande superfície para o darem como cúmplice ativo de quem pratica evasão fiscal?)

Não é que tenha grandes ilusões sobre a ganância humana, praticada com maior ou menor subtileza mas, passada esta crise, bem pode o Estado manter ativa uma campanha intensa a lembrar aos portugueses o significado de se pagarem impostos, porque ninguém os livra de novas situações-limite. É que os próprios cientistas não excluem a propagação de novos vírus, porventura ainda mais letais do que este malfadado covid 19. Insistir no combate às efabulações dos ultraliberais, que querem sempre menos Estado na economia, ou do vigarista ainda mais à direita, que quer poupar mais impostos aos ricos, estendendo-os por igual a toda a gente, eis algo que todos os democratas, e em particular, os socialistas, têm de assumir como tarefa de todos os dias.

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