quarta-feira, 2 de setembro de 2020

Pirataria trumpiana no Estreito de Ormuz


Um quarto do petróleo consumido mundialmente transita pelo estreito de Ormuz. No entanto, e por precisar de uma escalada belicista internacional de última hora, que lhe sirva eleitoralmente, Donald Trump deu ordens para retomar os ataques a navios-tanques provenientes de portos iranianos. Essa ação de pirataria marítima aconteceu a 14 de agosto e mereceu do Departamento de Justiça em Washington um entusiasmado relato.

Os navios em causa - o Bella, o Bering, o Pandi e o Luna - pertencem a armadores gregos e navegam sob pavilhão liberiano. A carga que continham foi transferidas para outros navios ali a pairar, depois direcionados para o porto de Houston.
Tratou-se do primeiro confisco americano de bens iranianos fora das águas dos EUA, constituindo um precedente que leva os observadores a temerem uma reação brutal das autoridades de Teerão.
Para justificar o injustificável o governo norte-americano afirma que as transações de petróleo entre o Irão e a Venezuela servem para financiar as atividades dos Guardas da Revolução Islâmica, a quem acusa de planeamento e preparação de ações contra os EUA. Para além disso a Administração Trump acusa a National Iranian Oil Company de ser um agente da mesma organização paramilitar ligada ao governo de Teerão.
Este incidente aumenta as tensões entre os EUA e o Irão, já bastante ao rubro desde que Trump denunciou unilateralmente o acordo multilateral de 2015, concluído com o apoio da Alemanha, da China, da Rússia, da França e do Reino Unido. Aquela que fora uma esperançosa diluição de tensões na região foi cerceada por uma orientação política, que se espera definitivamente condenada na primeira terça-feira do próximo mês de novembro.
Por ora as principais seguradoras estão a lançar alertas para os riscos acrescidos inerentes à passagem de todos os navios pelo estreito de Ormuz, pelo golfo de Omã e pelo golfo Pérsico. Os prémios de seguros subiram em flecha limitando as exportações a partir da região e possibilitando o aumento do barril de petróleo produzido na África Ocidental, na Noruega, no Brasil e, obviamente, nos Estados Unidos. Por outro lado, a China que se abastece, sobretudo, nos países do Golfo, vê o abastecimento dificultado pelo aumento dos custos dos fretes por causa dos riscos em causa.

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