segunda-feira, 20 de julho de 2020

As esquerdas continuam a somar 55%


1. A sondagem da Aximage hoje conhecida, e divulgada pela TSF e pelo «Jornal de Notícias», vem demonstrar aquilo que disse a uns quantos amigos ao mostrarem-se demasiado preocupados com a dimensão dos apoios ao Aldrabão-mor na política portuguesa. Não só o total das esquerdas continua firme nos 55% como também as direitas ultrapassam os 36 à tangente.
Ademais o PS abeira-se da maioria absoluta, mas o Bloco e a CDU conservam as massas criticas necessárias para se manterem enquanto 3ª e 4ª maiores forças políticas. Os 5,2% do biltre são demasiados, mas tendo em contrapartida o estado vegetativo em que permanece o CDS, conclui-se que os mesmos protofascistas de sempre não se moveram, apenas mudaram de marca.
É na interpretação do que fazer com esta relação de forças, que as águas se separam dentro do Partido Socialista: há os que querem navegar à vista não se comprometendo num acordo firme à esquerda e os que apostam nesta alternativa para dar aos portugueses a confiança dum rumo bem definido nos anos vindouros. Obviamente que preferiria claramente esta opção. 
 2. No Seixal continua tudo na mesma depois das eleições federativas do PS neste fim-de-semana: os que dantes diziam cobras e lagartos de António Costa mudaram finalmente de farpela depois de secundarem ativamente António José Seguro e julgado apanharem boleia proveitosa junto de Daniel Adrião.
Convencidos das vantagens de se colarem aos vencedores - assim o ditam os jobs para os seus boys - mantiveram as habilidades do costume para falsearem os resultados. Na Amora, duas das listas impugnaram o ato, mas a inação dos responsáveis distritais tem sido o trampolim à conta do qual vegeta uma cacicagem que só desprestigia o partido e explica os resultados sucessivamente verificados nas eleições autárquicas.
3.  À chegada à cimeira europeia, António Costa ofereceu a Angela Merkel um exemplar de «Ensaio sobre a Cegueira» de José Saramago. Aludindo a tal facto, Rui Tavares comenta na sua crónica de hoje: Cegos guiando cegos é uma das imagens que vem à cabeça quando vemos os líderes de 27 países europeus discutir dinheiro quando lá fora uma pandemia ainda não está vencida e outro tipo de vírus mina os Estados de direito democráticos em vários países europeus.”
4. Uma sondagem da Católica dá conta do realismo, que os portugueses interiorizaram desde que viram as direitas infernizar-lhes a vida durante quatro anos a pretexto da crise de 2008. Não só 66% acreditam na possibilidade de terem de apertar o cinto nos próximos tempos como 60% já decidiu fazer férias sem sair de casa. O que não deixa de ser uma má notícia para os hoteleiros e restauradores, dantes tão desejosos de turistas estrangeiros, que mal davam atenção aos portugueses e os veem agora pouco recetivos a servirem-lhes de paliativos para os rombos nas receitas.
Noutra conclusão interessante da mesma sondagem vale a pena referir a pouca credibilidade a quem exige milagres ao governo a propósito da pandemia, havendo 61% dispostos a arriscar a ida dos filhos às escolas a partir de setembro para não se atrasarem ainda mais nos estudos do que aquilo que aconteceu no ano letivo agora (quase) terminado. Uma má notícia para Mário Nogueira, que desejaria ver as escolas fechadas indefinidamente.
5. Há coisas mais importantes do que o futebol. Quem o diz é a investigadora Ana Cadete, que trabalha numa das farmacêuticas norte-americanas mais avançadas na descoberta de uma possível vacina contra o covid 19. É dela uma das frases do dia: “Nunca a sociedade  tinha dado mais importância à investigação do que aos jogos de futebol. O conhecimento que estamos a produzir neste momento vai ter um impacto gigante no futuro da medicina”
6. Em cenários diferentes as coisas andam politicamente a mexer: aqui ao lado, a monarquia espanhola titubeia perante o que se vai sabendo dos negócios de Juan Carlos. Razão para ter esperanças de ainda viver o bastante para ver reinstalada a legítima República, que o criminoso Franco derrubou.
No Reino Unido avolumam-se as provas da interferência russa nos referendos sobre o Brexit e a independência escocesa. A corte de Putin a trabalhar de mãos dadas com os conservadores de Boris Johnson. A única coisa que ainda espanta é ver os comunistas a olharem para Putin como se fosse um dos seus, quando hoje ele está aparentado às direitas mais extremas.

1 comentário:

  1. Putin, Jorge Rocha, é um nacionalista, e o nacionalismo acaba sempre, tarde ou cedo, por guinar à Direita. Conhece algum nacionalismo progressista que não tenha acabado em oligarquia? Eu não. Angola, Nicarágua, Venezuela, Cuba, Coreia do Norte, China...

    Como dizia Aguiar Conraria que andou por lá na juventude, o PCP não trai os amigos, por muito pouco recomendáveis que o sejam. Não há volta a dar...

    Sim, já sei que me vai dizer que Cuba ainda é socialista, e eu respondo-lhe que sem o turismo internacional, não é coisa nenhuma...

    As guerras internas do PS passam-me ao lado. Registo com alguma satisfação que as eleições para as distritais parecem ter posto um ponto e vírgula nas ambições de Pedro Nuno Santos que, tal como Fernando Medina, faria bem em dedicar-se ao trabalho que tem em mãos, em vez de, como o autarca da capital, andar a cantar de galo. Talvez o PS sofra da presença excessiva de testosterona... Para quando uma Secretária-Geral?

    Seja como for, vem aí uma tempestade e cada homem ou mulher no Governo e nas Autarquias deve estar no seu posto, em vez de andar a sonhar com o do Comandante. Não vale de nada ser-se capitão de um navio afundado...

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