Não me surpreende a notícia em como o governo gastou menos com a crise do covid do que estimara inicialmente: em vez de um impacto de 2,5% no PIB ele fica-se pelos 1,7%. Na realidade isso confirma o que foi a prática imposta por Mário Centeno desde que assumiu o cargo de ministro das Finanças: enquanto diversas instituições nacionais e internacionais faziam contas à economia portuguesa e arriscavam previsões pouco abonatórias para o que proviesse das politicas do governo socialista, sempre se verificou terem feito contas erradas em anos sucessivos, enquanto as da equipa do ex-ministro resultavam invariavelmente certas por defeito.
João Leão, que teve papel determinante no sucesso dessa equipa mantém a lógica: daí que, contra as expetativas dos que salivam perante a ansiada queda em desgraça do governo de António Costa, nunca os factos contradizem aquilo com que se compromete.
Essa é a prática de quem considera fundamental manter as contas certas para que a justiça social se torne mais exequível. Nesse sentido António Costa tem razão em criticar o Bloco de Esquerda, o PCP e o PEV por insistirem num tacticismo, que privilegia os objetivos de curto prazo e subalterniza os que melhor defenderiam aqueles que supostamente defendem. Mas as direitas escusam de se iludir: apenas porque sabiam de antemão o voto do PSD é que puderam arriscar o sentido daquele com que reagiram ao Orçamento Suplementar. Soubessem que elas fariam coligação no voto contra, logo alinhariam ao lado do governo. Porque acaso o fizessem cair, boa parte do seu eleitorado não lhes perdoaria a tentação de voltarem a unir-se ao campo contrário para derrubarem quem apresenta resultados muito positivos.
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