sábado, 11 de julho de 2020

Um branqueador do fascismo no ISCTE


Passou-me ao lado e ainda bem: pelos vistos a RTP2 deu tempo de antena a um professor do ISCTE, que acaba de publicar um livro sobre o Chega onde defende a tese esdrúxula de não se tratar de partido racista, nem de extrema-direita.
Esse Riccardo Marchi, que já era autor de outras ideias absurdas como a de nunca ter havido direita em Portugal, faz os possíveis por declarar Rui Ramos, Helena Matos ou Jaime Nogueira Pinto como historiadores obsoletos no campo da direita na busca de encontrar legitimidade numa certa ideia de passado para justificar a enviesada interpretação ideológica do presente. Os seus argumentos - ao nível do, em tempos incensado, Hermano Saraiva, conhecido pela especialidade de inventar o que fundamentasse as suas tortas elucubrações! -, justificaram uma tomada de posição de dezenas de historiadores, sociólogos e outros investigadores e professores universitários, que num texto intitulado Contra a higienização académica do racismo e fascismo do Chega defendem que “a produção de conhecimento académico não se coaduna com propósitos de normalização, legitimação e branqueamento de um partido racista e com desígnios antidemocráticos. Os métodos científicos remetem para apropriações críticas, não devem servir para disfarçar o viés político sob uma suposta neutralidade científica.”
Pessoalmente custa-me ver a universidade, que me foi tão importante, quando nela cursei Gestão, a servir de guarita a quem se serve do seu prestígio para produzir trabalhos supostamente académicos, que não cumprem as regras exigíveis ao rigor científico de quem deveria assumir a responsabilidade cívica pela defesa de uma sociedade mais decente.
Marchi compraz-se com a ignomínia e encontrou na RTP quem com ele pactuasse, permitindo-lhe enunciar os seus desaforos sem sequer o confrontar com quem o pudesse contradizer. E é assim, com pezinhos de lã, que o fascismo pretende apresentar-se aos olhos dos portugueses como se tivesse a legitimidade indevida aos seus pressupostos xenófobos, racistas e arreigadamente antidemocráticos.
Hoje, como há 46 anos, justifica-se que se mantenha bem viva a frase: Fascismo nunca mais!

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