domingo, 5 de julho de 2020

Exceção à regra, hoje sou maledicente para com socialistas


Talvez esteja errado naquela aceção muito tradicional em como se devem resolver dentro de casa as questões, que possam associar-se ao conceito de «roupa suja». Por isso não compreendo, e muito menos aceito, que Fernando Medina e Ascenso Simões andem por estes dias a carregar espingardas para darem tiros nos pés do Partido em que têm conhecido alguma notoriedade. Sobretudo por possibilitarem que as direitas logo invoquem o alibi de «se dentro do próprio partido assim o dizem...».
No caso de Fernando Medina até poderia empatizar com a contestação ao Ministério da Saúde. Afinal é a ministra e os seus secretários de Estado, quem estão a pactuar com a grassa incompetência do diretor clínico do Hospital Garcia da Orta que está em vias de o tornar mais disfuncional do que já se revelou com o lamentável caso do serviço de Pediatria. A prossecução do seu estilo autoritário resultou na demissão do diretor do serviço de Ginecologia e Obstetrícia o que faz prever o pior para o tipo de cuidados que as grávidas  ou os casos oncológicos aí conhecerão no curto-médio prazo.
O problema é que Medina não escolheu uma fundamentação substantiva para se pôr em bicos dos pés, parecendo muito mais interessado em morder as canelas a Duarte Cordeiro, que sabe próximo de Pedro Nuno Santos com quem julga ter confronto marcado para daqui a alguns anos. E é injusto o reparo feito às debilidades de quem enfrenta a pandemia com assinalável empenho e competência, quando sabe que a persistência do traçado da curva de infetados pelo vírus na área metropolitana de Lisboa muito deve a uma realidade que não há quem possa alterá-la: a existência de muitos imigrantes não europeus, em grande parte indocumentados, que dão nomes e moradas falsas, quando lhes identificam a doença. Em concelhos do interior do país, onde todos se conhecem, não é difícil, rastrear as cadeias de transmissão. Mas numa enorme extensão urbana constituída por Lisboa e seus subúrbios que alternativa há para que a epidemia seja melhor controlada? Só o esforço coletivo no acatamento das regras ditadas pela DGS poderá produzir efetivos resultados.
Quanto a Ascenso Simões o caso é ainda mais fácil de verberar: o artigo do «Público» em que critica a intervenção do Estado na TAP lembra aquela fronteira que separa os audazes dos timoratos, aqueles que ousam atuar por ser essa a única forma de enfrentarem e vencerem as dificuldades ou os que se acoitam num refúgio à espera que a tormenta passe e voltem então a sair dessa zona de conforto. Normalmente costuma dizer-se que quem tem medo compra um cão. Parece conselho avisado para quem se dissocia tão absurdamente do que na TAP está verdadeiramente em causa...

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