Em 2007 os irmãos Coen rodaram um filme protagonizado por Javier Bardem cujo título era Este País não é para Velhos. A dupla de realizadores não poderia imaginar que, à data da estreia, começava a crise dos subprimes, que, no caso português, levaria ao descalabro de sucessivos bancos: o BPN em 2008, o BPP em 2009, o BES em 2014 e o Banif em 2015. Igualmente abandonado à sua sorte pelo desgoverno de Passos Coelho para cair em tal insolvência, que a privatização se tornasse inevitável, a Caixa Geral de Depósitos acabou por ser salva in extremis, quando Mário Centeno chegou ao Ministério das Finanças.
Treze anos depois sabe-se na mesma semana que João Rendeiro viu agravada a sentença no recurso apresentado ao Tribunal da Relação e Ricardo Salgado está em vias de ser acusado de associação criminosa.
Quem olhasse para as duas notícias com alguma ingenuidade diria que, pegando no título do filme dos Coen este país deixou de ser para banqueiros, mesmo tendo passado ao lado da devida punição à clique cavaquista do BPN. O problema é que nada mudou de substancial no comportamento do universo financeiro desde aquela crise culminada na falência do Lehman Brothers. Basta olhar para a gestão de António Ramalho à frente do Novo Banco para constatar que a lógica de funcionamento daquela cabeça é a mesma de João Rendeiro que, na própria semana da falência do seu banco, aprestava-se para lançar um livro de autopromoção intitulado Um Toque de Midas, que pretendia convencer os incautos leitores do seu jeito para transformar em ouro tudo quanto lhe passasse pelos dedos. E olhando para a estratégia desesperada de Ricardo Salgado quando, em 2009, já percebia quão insolvente estava o Grupo Espírito Santo, não a vemos muito diferente da que leva a gestão do Novo Banco a encontrar formas habilidosas, mas mais do que duvidosas, para garantir os interesses financeiros da Lone Star à custa dos impostos dos contribuintes portugueses.
Podemos considerar positiva a gestão de Paulo Macedo à frente da CGD, mas quanto aumentaram os serviços proporcionados pelo Banco para que os lucros crescessem na exata dimensão em que diminuíam esses valores nas contas dos seus clientes?
Logo após a crise de 2008 aventou-se a necessidade de segregar definitivamente a banca comercial da de investimentos, de forma a não a contaminar com o inevitável comportamento especulador dos que vivem de criarem e desfazerem bolhas nas Bolsas mundiais. Se, na altura, algumas vozes peregrinas pareceram determinadas a fazê-lo logo a passagem das semanas, dos meses e dos anos, lhes inibiu a coragem. O capitalismo selvagem continua à solta e, cá dentro, os nossos banqueiros só se distinguem dos outros, porque as ambições lhes são tolhidas pela dimensão reduzida dos mercados onde procuram imitá-los.
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