Com o atraso explicável de quem tem outros afazeres e reserva para momentos mais propícios o que deve merecer maior atenção, vi a entrevista de Pedro Nuno Santos à RTP, tendo por interlocutor o sobrinho do Dias Loureiro. E foi uma hora bem passada, que deveria merecer da generalidade dos eleitores a maior das disponibilidades, porque só assim encontrariam exemplo lapidar das qualidades exigíveis aos políticos em quem decidam confiar o voto.
Pedro Nuno Santos é taxativo: não contem com ele para um tipo de política, que não tenha por objetivo tudo fazer para que os portugueses vivam melhor e se sujeitem a menos desigualdades. Por isso exclui o apoio a Marcelo nas presidenciais, apostando noutro candidato da esquerda se o Partido Socialista não optar por candidato próprio.
Pode não ser posição simpática para outros dirigentes, que se aprestam a tirar selfies com o atual presidente, quando ele estiver em campanha para novo mandato, mas Pedro Nuno Santos separa as águas tais quais elas devem distanciar-se: as esquerdas têm uma Visão para a sociedade portuguesa, que não se confunde em quase nada com a assumida pelos políticos das direitas. Daí que me custe ler o que alguns socialistas teimam em confiar às redes sociais como se o maniqueísmo anticomunista lhes seja mais apetecível do que descurar do nunca por demais persistente combate contra as direitas.
Há, porém, algo ainda mais admirável no que Pedro Nuno Santos diz: também ninguém conte com ele para abdicar da vocação para sempre falar verdade aos portugueses. Por isso mesmo não escamoteia a probabilidade de virem a acontecer despedimentos na TAP durante o processo de reestruturação, que a redimensionará para as circunstâncias, por ora imprevisíveis, em que operará nos próximos anos. Nem tão pouco considera suficientes os 1200 milhões de euros que o Estado em breve nela investirá, contrapondo o quanto a economia ganha anualmente com o que a companhia aérea compra aos seus fornecedores nacionais ou os empregos gerados, não só nela, mas também em todas as empresas que dela dependem para funcionarem e garantirem o sustento a dezenas de milhares de famílias.
Ouvindo algumas aventesmas, que mentem descaradamente ou revelam uma ignorância crassa mascarada do atrevimento de quem nem se preocupam em informarem-se, porque se contentam com o exercício de maldizer, só poderemos desprezá-las por se fazerem surdos a quem lhes é capaz de explicar o b-a-bá com uma simplicidade e consistência desarmantes.
Por muito que custe a Carlos César, no momento certo, serão muitos os socialistas - confio que a larga maioria! - que saberão em quem confiar...
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