Apesar de não faltarem bitaiteiros a pretenderem desvalorizar a competência com que o governo e a Direção Geral da Saúde têm contrariado os riscos da epidemia do covid-19—mormente o conhecido caluniador profissional, que se acoita na última página do «Público» e a quem Marcelo deu absurda importância num 10 de junho - acumulam-se as evidências desse mérito, sobretudo se compararmos com o que vai sucedendo por essa Europa fora.
Por razões pessoais acompanho atentamente o que se passa na Holanda onde pontifica como primeiro-ministro um político da mesma família europeia que o PSD e o CDS. Mark Rutte, assim se chama esse (des)governante, foi alvo de grande contestação na sessão parlamentar da passada quinta-feira por escusar-se a tomar as medidas já implementadas noutros países e ainda assim insuficientes para conterem a progressão da doença. E, inacreditavelmente, o seu ministro da Saúde causou particular celeuma ao considerar que ela afeta sobretudo pessoas idosas e já com problemas prévios de saúde, pelo que não merecem a mesma preocupação das outras, as que contribuem ativamente com o seu trabalho para o sucesso da economia. Resultado de tal política: num país com 1,7 vezes mais população que Portugal, o número de casos é sete vezes maior e as mortes já andam nos dois dígitos.
Esse exemplo leva-me a pensar no quanto estaríamos bastante ensarilhados se ainda tivéssemos Passos Coelho como primeiro-ministro: também ele mais preocupado com os números do que com as pessoas, não seria difícil vê-lo a subscrever a opinião do ministro holandês. E, de facto, ouvindo os deputados das direitas na Assembleia da República, não se adivinha que dali viesse coisa boa se acaso fossem eles a encabeçar o combate a esta crise.
Uma vez mais podemos serenar relativamente pelo facto de termos ao leme quem desta tempestade dá provas de nos conseguir libertar.
Sem comentários:
Enviar um comentário