Quão zangadas estão as direitas estrategicamente posicionadas nos jornais e nas televisões para defenderem posições, que sabem ameaçadas por esta pandemia mundial. Elas veem que, apesar da intensidade com que ela grassa em Itália, o governo liderado por Giuseppe Conte recuperou junto dos cidadãos uma legitimidade, que parecia escapar para as ávidas mãos do mussoliniano Salvini. Temem por isso que, a exemplo do sucedido com o Marquês do Pombal depois do terramoto, a determinação, mas também a confiança com que António Costa tem graduado as medidas de contenção na propagação do vírus lhes soneguem por muitos anos a esperança de voltarem ao poder.
Explica-se assim a inacreditável falta de educação ostentada por Rodrigo Guedes de Carvalho quando, ontem à noite, entrevistou o primeiro-ministro. Mais atento às orientações que ia recebendo da régie (onde quase por certo era José Gomes Ferreira a assoprar-lhe o que deveria perguntar, pois logo apareceria no ecrã a perorar as suas odiosas diatribes!) o pivot da SIC nem sequer atentava no que o entrevistado lhe dizia, cortando-lhe as frases a meio, impedindo-o de desenvolver o discurso até ele ganhar a coerência só possível se expressa até ao fim.
A situação é grave, mas no canal de Balsemão (e, ao que se vai sabendo, nada se diferente se passa nos demais!) a intenção é convencer a opinião pública de que o governo fez de menos ou de mais consoante as contraditórias fundamentações em que se baseiam. Os factos, porém, vão-se encarregando de desmentir as deturpações, que deles querem extrair.
Outro exemplo do nervosismo evidenciado pelas direitas está no caluniador profissional da última página do «Público» que, desta feita, se atira às canelas de Marcelo, comprovando a evidência de ser como aqueles cães tinhosos, que não conhecem dono. Depois de o ter convidado a discursar no 10 de junho, o «enquarentenado» de Cascais é brindado com este naco de prosa: “O seu exílio voluntário é sintoma de várias coisas erradas em simultâneo. 1) Marcelo não percebeu o impacto que o coronavírus iria ter em Portugal. 2) Também não percebeu que, ao fechar-se em casa numa hora destas, com um teste negativo e sem vestígio de sintomas, iria deixar no ar um cheirinho a deserção. 3) Avaliou erradamente as consequências do amadorismo e da futilidade das suas intervenções caseiras. 4) A Presidência da República, e, por extensão, o país, não estava minimamente preparada para enfrentar esta crise, já que nem sequer existia um plano de contingência para o mais alto magistrado da nação.”
Quer isto dizer que para os mais atormentados prosélitos das direitas, nem São Marcelo se apressa a vir-lhes em socorro.
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