Por estes dias quase só dou atenção à conferência do meio-dia para saber o que a ministra, o secretário de Estado e a diretora-geral da Saúde nos têm a dizer sobre a evolução do covid 19 nas vinte e quatro horas anteriores, sempre me agradando a constatação de manter-se aritmética, e não exponencial, a propagação do vírus. O tom assertivo com que todos falam motiva a confiança de quem os ouve sobre a competência e sensatez de quem está na linha da frente do combate a esta crise. É essa aliás a constatação ouvida de quem contacto noutros países, onde os (des)governantes estão a sujeitar-se a crescente contestação por terem agido tarde e a más horas.
Aqui em Portugal os números não ganharam até agora tão significativa expressão, porque António Costa e a sua equipa têm sabido encontrar a cada momento as decisões certas para limitarem os danos causados pela crise. Por isso mesmo há quem, de fora, nos felicite por termos ao leme quem melhor nos porá a melhor recato desta súbita tempestade. Mas muitos há que procuram manchar o mais possível o imparável ascendente que as circunstâncias dão ao governo comparativamente com as demais forças políticas. Já não falo do deputado fascista que, no início dos acontecimentos, quis pôr em causa as capacidades de Graça Freitas como se todo o percurso profissional dela como médica não tivesse sido o de epidemiologista. Há, sobretudo, coisas que vou ouvindo nas televisões e me levam a logo fazer zapping. Por exemplo as sempre insidiosas perguntas dos «jornalistas» televisivos, sempre ávidos na procura dos mínimos indícios, que deem munições às almejadas teses de se ter podido fazer mais até agora e ainda muito, mas muito mais daqui para a frente. Esta manhã, numa entrevista à SIC, um autoproclamado provedor dos interesses dos pequenos empresários insurgia-se contra a pequenez dos apoios já anunciados, como se o Tesouro português estivesse a abarrotar com tantos recursos e fosse possível agora gastar à tripa-forra. Ou anda por aí a espalhar-se uma mensagem vinda da China em que um imbecil anda a usar o termo «vergonha» - que sabemos bem quem dele tem usado e abusado! - para classificar o que se vem passando em Portugal, ignorando voluntariamente que, comparativamente com todo o resto da Europa se verifique neste cantinho à beira-mar plantado um dos menores índices de infetados e de mortos por mil habitantes..
Volto aqui a indignar-me com os críticos das obras feitas, quando os sabemos sequer incapazes de as saberem minimamente executar. Criticar é fácil e é isso que as direitas mais ou menos extremas farão sempre que se lhes der o ensejo. Mas tal qual sucedia com as caravanas, que se dirigiam para o Oeste selvagem, o rumo imprimido por António Costa ao que tem feito e irá fazer não pode ter contemplações com os impotentes latidos dos que a tudo assistem das confortáveis bancadas em que se acoitam.
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