sexta-feira, 26 de julho de 2019

38ºC ao fim da tarde em Amesterdão


Ao fim da tarde o meu genro enviava-me um print screen do telemóvel dando-me conta dos 38ºC ainda registados na temperatura de Amesterdão no momento em que regressava a casa depois de passar o dia no conforto do ar condicionado do escritório. A vaga de calor por ele reportada está em todos os noticiários europeus, só tendo pouco eco nos nossos por se entreterem com a mais recente birra dos motoristas dos transportes de mercadorias perigosas.
Uma vez mais os diretores de informação dos telejornais lusos preferem o acessório ao essencial por darem importância aos mercenários do volante que, pela sua conduta, nos fazem suspirar pelo momento em que serão merecidamente atirados para o desemprego, porque a tecnologia os tornará dispensáveis. Quando assumimos a ambivalência relativamente às mudanças no mercado do trabalho perante a implementação das novas tecnologias, depressa nos reorientamos para a aceitação desse incontornável futuro perante o terrorismo social dos fantoches manipulados pelo advogado do Maseratti.
Se esses pseudossindicalistas são réplicas das melgas do verão, que chateiam durante umas semanas e acabam por desaparecer sem consequências de maior, as vagas de calor tendem a repetir-se e a tornarem-se mais difíceis de suportar.
Perante a sua crescente frequência e insuportabilidade quem ainda terá o despudor de negar o aquecimento global por que passa o clima à escala mundial? Por quanto tempo conseguirão travar a mudança de paradigma nas nossas sociedades?
O modelo capitalista está em causa, sendo imperioso que se perca a obsessão com o crescimento das economias, porque a sobrevivência da Humanidade dependerá de produzir localmente, consumindo menos e mais eficientemente, reduzindo a quase zero os resíduos, reciclando quase tudo. O futuro depende de uma completa sintonia entre as ideologias igualitárias com as que assentam nos credos ecologistas, condenando à obsolescência as que, nas diversas manifestações das direitas, teimam nos mercados abertos a nível global e na negação dos principais valores contidos na Declaração Universal dos Direitos Humanos. Entre as esquerdas recicladas nas preocupações relativamente a um planeta sustentável e as direitas, que nos querem empurrar aceleradamente para o apocalipse climático não há que duvidar de quais terão razão de subsistir.
Greta Thunberg é o rosto mais determinado dessa nova geração, que imporá a transformação política e social. No fim da semana passada estava a crescer uma campanha internacional que, em vários países do centro da Europa, a desqualificava enquanto rosto de um insensato histerismo, que poria em causa a qualidade de vida das populações ocidentais. A vaga de calor destes dias veio silenciar essa manobra ideológica, que ainda persistirá em alienar as mentes coletivas até acabar definitivamente desmascarada...

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