sexta-feira, 4 de março de 2022

Suicida não sou, pelo menos para já!

 

O facto de defender o direito à eutanásia não coincide com a intenção de me suicidar para já. Precisarei para tal que esteja em causa uma doença terminal para a qual não haja solução à vista e a morte assistida funcione como forma de abreviar o previsto sofrimento.

Esclarecida a opinião sobre um dos direitos, que esta tão incensada Democracia dita liberal me nega, fica o espanto por tanta gente apostar no suicídio coletivo, que Putin promete acaso a situação na Ucrânia corra em seu desfavor. Disse-o claramente em discursos da semana passada e voltou a repeti-lo a Emmanuel Macron, quando estiveram ontem ao telefone e o presidente francês revelou-se pessimista quanto ao cenário, que estará para vir, bem pior do que o atual.

Que Zelenskii veja a intervenção da NATO como forma de salvar a própria pele e tudo faça para que ela aconteça, compreende-se. O seu voluntarismo está a redundar num fracasso militar por muito que a imprensa proclame a sua vitória moral e até o dê como exemplo de grande heroísmo. Mas o próprio secretário-geral da organização veio reafirmar a impossibilidade de sequer fechar o espaço aéreo ucraniano por tal corresponder, de facto, a uma ainda mais evidente declaração de guerra à Rússia.

Que a própria NATO ande a pisar terreno demasiado escorregadio ao enviar armas para o teatro de guerra ajudando-o a inflamar-se ainda mais, é algo que o antigo ministro da Defesa Azeredo Lopes reconhece ao qualificar o assunto como “andar sobre gelo fino”.

E a própria União Europeia entrou numa vertigem histérica em que até imita Putin no cercear o direito à informação para com a difusão de dois canais russos, que ninguém via, mas servirão de futuro de pretexto para novos atos censórios, quando entender como fake news aquilo que o possa não ser, mas a sua maioria sancionar como tal.

Anda-se pelos canais de notícias ou pelas redes sociais e não faltam defensores da ida em força para Kiev, já! Como se isso não significasse o prometido pressionar do botão nuclear pelo urso ferido do Kremlin, confrontado com a situação de perdido por cem, perdido por mil. Quantos desses aventureiros defenderiam os seus propósitos se se soubessem na iminência de levarem com um cogumelo nuclear em cima?

Não pondo em causa ter-se tratado de uma invasão ilegítima à luz do direito internacional, quantos dirigentes internacionais mostram serenidade bastante para diminuírem a intensidade da fervura para que a diplomacia volte a ter a oportunidade de negociar o novo equilíbrio de segurança europeia, que estes dias já impuseram como inevitável no futuro próximo e muito diferente daquele que prevaleceu nestes últimos anos?

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