1. São muitas as ocasiões de absoluta discordância com Ricardo Araújo Pereira mas, esta semana, sou levado a subscrever o cognome dado ao nosso vulcanólogo de serviço à ilha de São Jorge quando, nos dias anteriores, andou a proferir sucessivos comentários agastados contra o governo de António Costa. «O Ressabiado» é, de facto, um epíteto tão ajustado quanto foi o de «Conquistador» para Afonso Henriques ou de «Venturoso» para D. Manuel I. Vamos lá a ver como o antigo administrador da Casa de Bragança irá gerir esse estado de alma sobretudo se, como entendo provável, o primeiro-ministro não lhe der grandes hipóteses para demonstrar esse ressentimento.
2. O problema do envelhecimento pode ser uma chatice, sempre que se traduz numa falta de sensatez, que obrigue os mais próximos a conter-lhe os ressaibos. Que o diga Joe Biden, que obrigou Blinken a corrigir-lhe os destempos de linguagem ou Macron a censura-lo diretamente. Tanto mais que o uso do conceito de «carniceiro» em Putin também não lhe fica propriamente desajustado, quando pensamos nos que, por esta altura, morrem de fome no Afeganistão ou sofrem os desvarios dos talibãs.
3. Veneno, que se está a virar contra quem as decidiu, é o efeito das sanções, sobretudo com a decisão do Kremlin em só aceitar pagamentos de gás natural e petróleo com os execrados rublos. De repente, e segundo Ricardo Cabral no «Público», “afigura-se que a União Europeia deu um tiro no pé ao congelar as reservas internacionais em euros do Banco Central da Rússia e, a persistir nesta medida, enfrentará dificuldades económicas que a maior parte da população e mesmo dos políticos europeus não antecipa.”. Arriscando-se a ser enfileirado junto dos russófilos ou dos putinistas o sensato economista “posiciona-se claramente no campo daqueles que defendem que é necessário desanuviar a tensão entre os dois blocos, revertendo a escalada de sanções e contrassanções através de diplomacia que vise um cessar-fogo na Ucrânia.” Rejeitando, pois, os que, à incendiada chama, ainda querem mais ateá-la...
4. Outra voz sensata desta conjuntura, Carmo Afonso, escusa-se de, por esta vez, se sujeitar a mais insultos soezes sobre a sua apreciação dos acontecimentos no leste europeu e endossou merecido elogio a Gouveia e Melo a propósito do discurso sobre quem deseja ou não ver nas forças militares. Diz a colunista da última página do «Público», que “tratou-se de uma comunicação com conteúdo, e efeito, político. Deveria servir de exemplo para as forças de segurança. O exemplo que não temos e que faz falta. São vários os casos de agressões por parte de agentes ou guardas e nunca se ouviu uma intervenção como esta.”
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