segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021

Um país que não se quer no diminutivo

 

Só nas estranhas meninges de Passos Coelho - esse D. Sebastião por quem parte da direita suspira e almeja o regresso - se conjeturou a peregrina ideia de Portugal só ter viabilidade futura se se tornasse no fornecedor de mão-de-obra barata e pouco qualificada para as indústrias, que aqui se viriam a estabelecer perante tão pródigas condições de custos de produção. Daí que, olhando para o gráfico acima se possa comprovar uma evidência: quando os socialistas governam os investimentos em I&D crescem significativamente, enquanto decrescem ou estagnam quando há primeiros-ministros do PSD. É só olhar para a evolução testemunhada nesses indicadores e comparar os prodigiosos saltos quantitativos (e também qualitativos, devidos à ação notável, direta ou indireta, de Mariano Gago como ministro da Ciência ou de Manuel Heitor, seu digno sucessor, verificados nos governos de António Guterres, José Sócrates e António Costa.

Pode ser difícil de digerir por quem é de direita, mas quanto a Ciência e Conhecimento o país avança significativamente com os socialistas no governo e estagna, se não mesmo recua, quando é liderado por quem possui a miopia ideológica das direitas.

No artigo intitulado “Mais futuro, com mais ciência e mais economia?”, o citado Manuel Heitor lembra que chegámos a 2020 a superar pela primeira vez a meta europeia de 40% na população residente entre os 30 e os 34 anos com curso universitário (alcançaram-se os 43%!) e que nunca existiram tantos investigadores por mil trabalhadores ativos no setor público ou nas empresas. Nunca a despesa total em I&D foi tão elevada, chegando a 1,6% do PIB e com a execução dos projetos aprovados pela Fundação para a Ciência e Tecnologia a aumentar 40% desde 2015.

Não espanta que, com essa realidade, Portugal passasse a integrar o grupo dos países fortemente inovadores segundo o European Innovation Scoreboard, participando ativamente nos Programas Europeus de investigação de base competitiva como é exemplo o Horizonte 2020.

Pode-se daqui concluir que, se as direitas querem aquilo que Alexandre O’Neill caracterizava como um país no diminutivo, com pobrezinhos a mostrarem muito respeitinho a quem neles mandasse, as esquerdas apostam numa outra possibilidade, bem mais grata para a maioria dos seus cidadãos: um Portugal desenvolvido onde quem nele vive pode sempre ter fundamentadas esperanças num futuro melhor para si, para os seus filhos e netos...

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