segunda-feira, 15 de fevereiro de 2021

Dobrado o bojador, vamos agora além da dor

 

Dia a dia o número dos óbitos e dos novos contaminados com o covid-19 vai minguando pelo que quem os quis cavalgar quando eram mais expressivos tende a ficar calado por falta de argumentos. Para o governo de António Costa, e sobretudo para todos os portugueses, este bojador parece dobrado, indo-se agora além da dor. Mas foi necessário um confinamento a sério como o não queriam os que, às escondidas, se acoitam sem máscaras ou distanciação social em recintos onde levam a provocação aos cantos, que soam a insultos nas bocas que as entoam e depois profusamente por eles divulgadas nas redes sociais. Para mais do que justificada indignação de uma grande maioria concordante com as restrições implementadas.

Doravante as mentes malévolas situadas nas várias direitas irão procurar outros motivos para darem vazão à sua pertinaz vontade de tudo desfazer, mesmo quando as evidências práticas e as sondagens apontam para a sua total ausência de fundamento. E até poderão recorrer a muito do que os cofres públicos não podem contemplar com todos quantos têm caído na miséria mais extrema e engrossam filas de espera para cabazes de alimentos em Almada, no Seixal ou em Gondomar. Mas, por regra, e fora o exercício da caridadezinha pela tia Jonet, os que deles necessitam não se enquadram nessa tal «gente de bem» (ou «gente bem»?), que costuma inquietar essas cabeças.

Compreende-se o desnorte dessa peculiar académica chamada Fátima Bonifácio, que andou a confessar a angústia por não ter cabeça pensante a orientá-la, sobrando a da ignóbil criatura como hipótese a considerar. No mesmo jornal onde voltou a publicar uma prosa indigesta, Fernando Rosas contra-atacou hoje com argumentos assassinos. Quem ainda não leu essa reação do historiador não sabe o que andou a perder.

Noutro texto do «Público», o atual líder da Juventude Socialista, Miguel Costa Matos, propõe aquilo que muitos de nós anseiam: o reavivar da convergência política à esquerda, devolvendo aos eleitores as esperanças germinadas a partir de 2015:  “é possível traçarmos juntos um caminho de combate às desigualdades e investimento nos serviços públicos, que assente as fundações de uma economia inovadora, sustentável e competitiva, capaz de gerar pleno emprego digno e de devolver a tantos portugueses confiança na democracia. Já o fizemos antes, podemos fazê-lo de novo. Aqui, quem decide é a vontade.”

Lá fora tudo como dantes, como se o tal quartel-general do provérbio continuasse em Abrantes. Mas com pequenas nuances: Donald Trump voltou a ser absolvido, mas o Estado da Geórgia e uma emenda constitucional tendem-no a deixar de braços tolhidos quanto á hipótese de concorrer a novo mandato. Na Catalunha, os eleitores voltaram a dar fôlego ao ideal independentista mas, desta feita, com maioria absoluta na Assembleia da Comunidade Autónoma.

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