Temos que convir ser esta uma das características da arte de ser português: levarmos uma situação até ao extremo para que dela nos consciencializemos quão perigosa é. Depois de semanas em que os hospitais ultrapassaram as piores conjeturas previstas para os seus planos de contingência, com números de óbitos e de novos contaminados em curva assustadoramente ascendente, levámos o confinamento a sério, cumprimos com o que nos foi pedido e vimos o índice de contágio descer até ao valor mais baixo desde o início da pandemia, igualmente o mais baixo da Europa. É claro que os negacionistas continuam por aí, assim como persistirá a mera indiferença dos que pensam advir mal apenas aos outros ... até ao dia em que se descobrem com a malfadada febre e a insuportável falta de ar, exigindo então que se concentrem em si os tratamentos até então devidos a quem, porventura, se comportou de forma menos irresponsável na forma como procurou acautelar-se.
A inflexão impressionante nos indicadores da pandemia constituiu uma péssima notícia para quem tem usado a situação de monopólio, que os faz deter a generalidade da informação televisiva, para enfatizar as piores facetas da crise apontando invariavelmente o governo como culpado. Que a estratégia tem dado resultados pífios demonstram-no as sondagens, que continuam a mostrar a soma das esquerdas acima dos 50% e a das direitas a mal lamber os 40%, mesmo nelas incluindo a ignóbil formação política, que delas mereceria a linha vermelha por exemplo imposta por Angela Merkel à sua réplica alemã.
O inaceitável - provavelmente para a maioria dos que contribuem com os seus impostos para que exista um serviço público de televisão e, sobretudo, para os subscritores de uma carta aberta hoje tornada pública e à qual aqueles decerto apoiarão! - é ver a RTP a secundar, se não mesmo a acentuar de forma ainda mais extremada esse tipo de tratamento noticioso coincidente com a agenda política dos que querem ver derrubado o governo, substituindo-o por outro dito de salvação nacional.
Os putativos salvadores da pátria estão manifestamente tramados. Tomando decisões tão sensatas quanto o possível na incerta conjuntura em que as variáveis se alteram todos os dias, António Costa e os seus ministros continuam a desenvolver um brilhante esforço, que cabe elogiar sem reservas. Porque se nos ativermos nas possíveis alternativas sobre quem poderia fazer diferente nem é preciso jogar com triplas para ter por certo um cenário bem mais tremendo a que, felizmente, estamos a ser poupados.
Como poderá ver, de seguida, Caríssimo Amigo Jorge Rocha, em 6.02.21 publiquei, na minha página do FB, o texto que tomo a liberdade de aqui deixar reproduzido, sobre o assunto em apreço: as''TêVês'' e a sua malfadada saga persecutória, ao Governo PS, em exercício, etc., que saberá lendo, por favor. Abraço amigo.
ResponderEliminarSegue a leitura do meu texto:
Luis Manuel Dias
6 de fevereiro às 22:57 ·
Conteúdo partilhado com: Os teus amigos
A TÊVÊ QUE TEMOS!
-
A mentira sob a capa de verdade!
-
Pensando nos jornalistas que – em noticiários de todas as estações de televisão:
- quotidianamente, nos debitam com ênfase e dramatismos vários acentuados (mormente os do ‘palhaço-mor do reino’ da RTP1, J. Rodrigues dos Santos), com notícias datadas de hoje, mas iguais ou repetições na essência às de ontem, de anteontem
- reportagens, algumas de semanas e ou meses atrás, repetidas à exaustão, como se de casos flagrantes se tratem, cujos textos e imagens repetem à náusea, em doses cavalares sobre inermes, incautos, telespectadores, como verdades extremas
-
A essas/esses profissionais (?!) que à falsa, incompleta ou mistificada novidade ainda por cima transmudam em realidades instantes
- repito, a essas/esses profissionais (?!) apetece-me pespegar-lhes, nas frontes maneirosas e de carregado sobrolho, ou com ares de espanto aterrado, o pensar dum grande economista inglês, John Maynard Keynes (1883-1946), que, dirigindo-se aos da sua área, afirmou:
-
‘’Os economistas estão ao volante da nossa sociedade, mas deviam estar no banco de trás.’’
-
Estava então, Keynes, de completa razão ao asseverá-lo e, hoje, válido continua o seu dito, tantos anos após!
-
‘’Mutatis mutandis’’, isto é, ‘mudando o que deve ser mudado’, para o caso em apreço, identicamente se passa no campo do jornalismo [ou seja, mais apropriadamente, ‘jornalixo’!] que nos é, cada dia, prodigalizado-apresentado pela televisão - razão de ser desta breve crónica.
LMD, 06.02.21.