Iniciado o semestre da Presidência portuguesa na União Europeia o que se poderia esperar de partidos da oposição com alguma decência é que comportassem-se como tal, facilitando o sucesso do previsto lançamento da aposta decisiva na recuperação económica justa, verde e digital dos seus países membros. Ora foi esta a altura escolhida para fazerem um chinfrim inacreditável sobre a nomeação de João Guerra como procurador europeu, quando tinham aceite o princípio de ser escolhido aquele que o Conselho Superior de Magistratura considerasse mais apto para esse cargo. Criar ruído com o assunto como o fazem os partidos das direitas e (como cada vez estranhamos menos que assim seja?) e o Bloco de Esquerda, só demonstra que esses partidos priorizam os seus mesquinhos interesses partidários em vez de considerarem fundamental o interesse nacional num semestre de relevante afirmação do país perante os pares quanto à forma como exerce essa condução dos destinos da União Europeia.
Mas o mesmo se pode aventar em relação à crise sanitária: os críticos do governo condenaram-no por restringir em demasia a mobilidade dos portugueses, condenando os setores económicos mais conotados com o turismo e a restauração. Depois entenderam que eram tomadas excessivas cautelas com a reunião das famílias por alturas do Natal. Agora os mais de dez mil contaminados declarados no mesmo dia mostram como as medidas só pecaram por defeito e nunca por excesso. Agora, os mesmos que pretendiam confiar no bom senso dos portugueses ou até negar que os perigos fossem tão significativos agarram-se a outros argumentos: à insuficiência de camas e de médicos nos hospitais ou até, pasme-se!, à forma como está a decorrer o plano de vacinação, sabendo-se como o país está na linha da frente dos que têm, por comparação com os outros 27 membros da UE, vacinado mais e com maior rapidez.
Que as direitas nada têm de substantivo a contrapor está evidenciado na deriva recente de Rui Rio: comprometido no acordo com o Chega nos Açores quer fazer aquilo que Luís Osório muito apropriadamente designa como pornografia, o de equiparar o partido do rufia ao Partido Comunista e ao Bloco de Esquerda, como se houvesse qualquer similitude entre o posicionamento do aliado e o dos comunistas ou dos bloquistas quanto à propensão para a ditadura pura e dura. Depois é um facto que Rui Rio, embora economista, nem sequer tem a competência bastante daquilo que se costuma ironizar relativamente a essa classe profissional: o de só compreenderem os acontecimentos depois deles terem acontecido. Rio demonstra ser daqueles economistas que, não só não consegue compreender o que são as circunstâncias e quais as estratégias adequadas para as enfrentar, como mesmo vendo os resultados das que defendeu e falharam, nada com isso aprendeu o que quer que seja.
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