quinta-feira, 28 de janeiro de 2021

Os “engenheiros de obras feitas” continuam a perorar

 


Falando da participação de António Costa na «Circulatura do Quadrado» avulta, uma vez mais, a desonestidade intelectual daqueles a quem um dos meus encarregados costumava designar como «engenheiros das obras feitas». Pediam-nos orçamento para a obra pretendida, que sabiam-nos capazes de concretizar, mas não se privavam de «bitaitar» sobre a forma como a deveríamos concretizar. O conhecimento era nosso e assim o demonstravam os índices de satisfação dos clientes, mas lá íamos encontrando uns presunçosos ignaros dispostos a encherem o ego com a satisfação de explicarem aquilo em que quase sempre só diziam disparates.

Complacente lá lhes ouvia as preleções mas, menos polido no trato, esse homem muito experiente logo se deleitava em fazer cair esse tipo de interlocutores em incoerências embaraçosas. Com bons resultados, não tardava a comprová-lo, porque não me lembro de situação alguma em que tenhamos perdido obras por tais espécimes terem sido confrontados com as suas limitações.

Lembrei-me, uma vez mais, de tal colaborador, quando deparei com o comportamento indecente de Pacheco Pereira. A sua preocupação era a de conseguir da boca de António Costa a afirmação, que servisse de título para as parangonas dos telejornais: que tinha cometido erros sistemáticos na gestão da pandemia e, por isso, chegámos aos números assustadores destes últimos dias. Com paciência de Job, o primeiro-ministro lá lhe ia explicando que os supostos erros de planeamento, ou as tão glosadas contradições, mais não eram do que o incontornável reflexo de uma situação muito instável a obrigar aferições quotidianas em função dos dados concretos objetivos e a noção das medidas tomadas só terem resultados a contento passados quinze dias.

Pacheco Pereira voltava à carga: sem pôr em causa as afirmações interessadas de quem, no meio da crise, atira mais combustível para a fogueira, garantindo que ouvira dizer assim ou assado, sem pôr em causa a veracidade dessas «notícias», a que só ele e os demais urubus da imprensa deram importância. E que os factos se encarregam de desmentir: se os privados andam a «ajudar» o Serviço Nacional de Saúde é na medida das suas parcas possibilidades, contribuindo com número insuficiente de camas e de recursos humanos, porque mais não têm sem porem em causa os objetivos económicos para que estão talhados.

Às tantas, e com inteira razão, António Costa considerou que, acaso estivesse no seu cargo, Pacheco Pereira não duraria quinze dias sem logo lhe dar um baque e cair para o lado. E isso ocorreria não só com ele, mas também com todos quantos, por estes dias, insistem em olhar para as falhas em vez de multiplicar os devidos elogios ao esforço e capacidade com que o governo vem combatendo esta trágica conjuntura. E bem nos podemos congratular por ser ele o que está em funções. Porque com tais «engenheiros das obras feitas» bem arranjados estaríamos!

3 comentários:

  1. Na verdade é muito mais fácil criticar....elogios, neste nosso País? Quando todos salivam na expectativa de que tudo corra mal ao Governo e à actual situação pandémica que estamos vivenciando...Uma tristeza que pessoas, como o Pacheco Pereira, com um índice cultural acima da média, não deixe de incorrer na tentação de, como todos os outros, cair na desonestidade populista e demagoga que alicia as mentes incautas e suscitam mais ignorância nos ignorantes....

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  2. O objetivo é enxovalhar.O outro é Primeiro Ministro e eles continuam engenheiros.Sentimentos mesquinhos atravessam-lhe os caminhos,aí,partem para a provocação

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