À espera que os locutores sejam substituídos pelos jornalistas

 

Nos últimos dias têm sido dados sinais inquietantes de como, mais do que enfeudada à direita,  - como sempre a temos conhecido há muitos anos, pelo menos desde que Marques Mendes foi uma espécie de Goebbels do primeiro-ministro Cavaco Silva - a televisão pública vai derivando ainda mais para o seu extremo. Nos últimos dias tivemos um locutor (Carlos Daniel não merece, de facto, que o reconheçamos como «jornalista» ) a dizer, num debate entre candidatos presidenciais, que o 25 de abril foi um acontecimento controverso, ou, dias antes, uma outra locutora a comparar Varoufakis a Marine Le Pen, como se se equiparassem em «extremismo», denota o nivelamento que a RTP vai fazendo por uma bitola muito rasteirinha, ao nível do que só não estranhávamos no «Correio da Manhã».

Que importa ali aplicar profunda limpeza, não sobram dúvidas e esperemos que a substituição do Conselho de Administração produza os devidos efeitos.  Ma, antes de sair do cargo, Gonçalo Reis ainda quis perdurar a sua influência na empresa com a nomeação de um novo Provedor dos Telespectadores, propondo um nome ligado à Rádio Renascença. Que o Conselho de Opinião vetou essa possibilidade teve toda a lógica, mas já cresce o coro de quem se escandaliza com o facto.

Depois de ter conseguido neutralizar Nuno Artur Silva, que apenas pôde cumprir um mandato na Administração, e estilhaçado a Direção de Informação liderada por Maria Flor Pedroso, a direita ainda dominante na empresa dará luta assanhada para não perder o monopólio da linha editorial. José Rodrigues dos Santos, José Adelino Faria ou Sandra Felgueiras tudo farão para preservarem Carlos Daniel como sua marioneta de estimação. Mas o povo de esquerda, aquele que todas as sondagens demonstram valer mais de metade do eleitorado, tem todo o direito de aceder a uma informação, que não seja continuamente enviesada de acordo com os interesses de quem já conta com a SIC, a TVI ou a Cofina para a difundirem.