sábado, 9 de janeiro de 2021

Médicos (des)ordenados e burros armados em mandões de homens inteligentes

 


1. Para além de dizer mal do governo para que serve a Ordem dos Médicos? É a pergunta que se justifica no dia em que Miguel Guimarães e seus pares vêm criticar o governo por ter sido demasiado benevolente no período do Natal, culpando-o do número de contaminados, internados e mortos verificados nestes últimos dias.

Poderia e saberia Miguel Guimarães fazer melhor? Olha-se para a sua figura pamplinesca e conclui-se facilmente que não. Andam outros países a serem melhor sucedidos do que o nosso? Pelo contrário o número de vítimas mortais por cem mil habitantes é bem mais significativo no Reino Unido e na Alemanha com todos os demais a apertarem as medidas de restrição dos movimentos dos cidadãos para travarem uma pandemia chegada a um novo pico. Até a tão incensada Suécia se está a render à incontornável circunstância!

Há, porém, no comunicado da Ordem dos Médicos uma adenda muito importante, que justifica a sua posição: a preocupação com os quatro mil médicos do setor privado, que estão por vacinar. Há uma chantagem implícita no sentido do governo esquecer a prioridade naturalmente conferida ao Serviço Nacional de Saúde para privilegiar os que dele voluntariamente se apartaram. Depois de se fazer à vacina logo nos primeiros dias Miguel Guimarães quer que os seus amigos do setor privado passem à frente dos que, muito naturalmente, devem ser protegidos em primeiro lugar: os que nos hospitais públicos tanto se esforçam para que o vírus não amplie ainda mais os seus efeitos devastadores.

2. Não durou mais do que umas horas a novela sobre a queixa-crime de Rangel, Poiares Maduro e Ricardo Leite, mas as suficientes para a que a central de intoxicação audiovisual a propalasse nas televisões. O caso não teria ponta por onde se pegasse na Justiça, mas o PSD decidiu empolá-lo na esperança de não ver o PS distanciar-se ainda mais nas sondagens.

Em poucos dias Rui Rio recebeu lições sobre como funciona a Justiça, que tornam ridícula uma ação como a proposta pela sua direção, como até passou pelo enxovalho do operário metalúrgico Jerónimo de Sousa lhe explicar o que está exposto na Constituição, quanto à possibilidade de revisões em estado de emergência. Há doutores muito parecidos com os tais burros referidos pelo poeta Aleixo a respeito dos que pretendiam mandar em homens de inteligência...

1 comentário:

  1. Texto muito bom..., apenas me permito fazer uma pequena correção de português: onde está escrito "a serem melhor sucedidos" deveria estar "a serem mais bem sucedidos". Obrigado

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